Julho é um mês que sedia dois grandes eventos cuja proposta é a discussão e exposição de arte digital em São Paulo. Um deles é a quinta Bienal de Arte e Tecnologia (ocorrendo de primeiro de julho à cinco de setembro), a.k.a. emoção art.ficial 5.0 (http://www.emocaoartficial.org.br), que vem com o tema “Autonomia Cibernética”. Como é típico deste evento, ocorreu o Simpósio, que são encontros com estudiosos e artistas do Brasil e do mundo envolvidos com mídias emergentes e interativas, com o intuito de discutir como esses novos suportes de difusão de informação se relacionam com a sociedade. Entre os convidados estavam Murray Campbell, gerente da IBM que ajudou na construção do Deep Blue (http://www.research.ibm.com/deepblue), e Lucia Santaella, pesquisadora e professora do programa de Pós-graduação em Semiótica da PUC/SP.
Além do Simpósio, obras de vários artistas estão expostas em três andares e na frente do prédio. Algumas delas que se destacam são: o robô Autoportrait (robotlab, Alemanha, 2002), que desenha rostos humanos em uma lousa e depois os apaga; os dispositivos Bion (Adam Brown e Andrew H. Fagg, EUA, 2006): sensores que mudavam a luminosidade quando alguém se aproximava; e a P
(Stelarc, Austrália, 2003): cabeça digital que respondia com expressão e voz à perguntas digitadas num teclado.
O ponto forte do evento é o fato de que criaturas virtuais tenderam a evoluir sem intervenção humana, com a ajuda de programas de inteligência artificial, dentro de um supercomputador desenvolvido pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) <http://web.mit.edu/>. Os resultados estão sendo apresentados e estudados através dos vídeos Evolved Virtual Creatures.
O segundo encontro é a FILE (Feira Internacional de Linguagem Eletrônica) <http://www.file.org.br/>. A feira tem o intuito de expor obras com diferentes interesses estéticos e que promovem vários tipos de interação. Existe a exposição de instalações, vídeos e jogos que envolvem ou discutem a arte nos dias de hoje com a intervenção dos meios digitais. Obras que se destacam são a Relational Lights (Ernesto Klar, EUA e Venezuela): instalação que promove uma interação com uma cortina de luz; Biobodygame (Rachel Zuanon e Geraldo Lima, Brasil): computador “vestível” que modifica o jogo de acordo com o estado emocional do jogador; e disc.o (Muk, Áustria): placas com cds e toca-discos ligadas a alto-falantes que geram uma composição musical.
São feitas também algumas perfomances envolvendo música e arte eletrônica experimental que visam oferecer uma maior abrangência dos limites da arte contemporânea e exibição de documentários relacionados ao tema. Mais informações no site do evento.
Henrique Dias de Barros é graduando pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).