Por Jéssica Agostinho*
Que fique claro, desde o início, que o texto a seguir é baseado nas opiniões da autora e não representa a opinião da RUA ou de seus editores.
A programação da VI Semana Universitária do Audiovisual foi encerrada com o Fórum II, realizado em uma espécie de saguão, no Albergue da Juventude, em Brasília. O Fórum visava colher o feedback do evento e escolher a sede da próxima edição da SUA. Visivelmente improvisado, em um local que não acomodava os presentes, o Fórum II deixou a desejar quando se tem em mente o aprofundamento das questões que envolvem a realização da SUA ou a efetivação de um balanço completo da VI edição.
Iniciado no período da manhã, com certa pressa em terminar a tempo para o almoço, o Fórum começou tratando de questões organizativas. A equipe organizadora da VI SUA era perceptivelmente pequena para um evento que se propõe de grande porte, sendo que esse fato deixa clara a dedicação e determinação dessas poucas pessoas, mas não encobre algumas falhas. Visando que as próximas edições contem com mais pessoas envolvidas e uma equipe maior, foi pensada uma maneira para que cada Universidade possa participar do processo de organização e fiscalização. Desse modo, decidiu-se que cada Universidade ali presente indicaria dois alunos para representa-la perante a organização das Semanas que estão por vir. Firmou-se o compromisso de conseguir repassar essa e outras decisões para as Universidades que não estavam presentes, mas que se interessam em participar dessa equipe e indicar seus representantes. Esses representantes, preferivelmente formados por um veterano e um calouro, comporão uma Comissão Organizadora, de caráter rotativo, que, ao lado dos estudantes da Universidade sede de cada ano, se responsabilizarão pelas edições futuras da SUA. Uma das decisões e tarefas dessa Comissão, por exemplo, será a criação de um site unificado para todas as edições da SUA, que contenha uma plataforma capaz de mediar a troca de comentários e opiniões acerca de vários temas ligados à Semana e ao Audiovisual. Outras questões práticas, como data de realização do evento, também serão decididas pela Comissão Organizadora. Se você faz parte de algum curso de Audiovisual que não pôde estar presente na VI edição da SUA e tem interesse em compor essa Comissão, mande um e-mail para a RUA. Assim que possível, encaminharemos os contatos recebidos para os componentes da recente Comissão.
O esforço que se vê, nessa indicação de representantes responsáveis pelo evento, em prol da melhoria e unificação da SUA, é louvável. É de grande importância que não se repitam episódios como o de 2011, quando, por questões organizativas, a SUA não ocorreu e foi adiada para 2012, a recente edição sediada em Brasília. A equipe da Comissão Organizadora também poderá exigir maior transparência das ações, como orçamentos e notas fiscais. Outro ponto bastante levantado diz respeito à unificação da SUA, para que as diferentes edições estejam interligadas e não se iniciem do zero. Além disso, foi conversada a necessidade de reconhecimento da SUA perante as Universidades e órgãos responsáveis. Entretanto, como reconhecê-la? O cunho acadêmico está distante em um evento onde a prioridade são oficinas e festas. Um cunho politizado, apesar das excelentes mesas realizadas nessa edição, também é de difícil visualização, uma vez que o encontro não gera frutos palpáveis que possam ser convertidos em ações reais. Logo, a pergunta que lanço é: qual o caráter da Semana Universitária do Audiovisual? Qual sua proposta que valha a pena ser reconhecida e que vá além do simples e pontual encontro de estudantes? O que podemos fazer além de listar e narrar problemas, ideias e anseios? Essas questões poderão ser discutidas pela recente Comissão Organizadora ou apenas ignoradas.
Seguindo adiante, o Fórum II se debruçou sobre a escolha da próxima Universidade sede. Era de interesse e consenso geral que a próxima edição fosse realizada em uma Universidade “inédita”, preferivelmente fora do estado de São Paulo, onde ocorreram a maior parte das edições. A única Universidade que se propôs a receber o evento em 2013 foi a Universidade Federal Fluminense (UFF). Cabe citar que, por imprevistos envolvendo a logística, os estudantes da UFF não puderam estar presentes na VI SUA, e a escolha da próxima sede foi mediada por um computador conectado ao skype. Também foi decidido que os representantes da UFF terão dois meses para apresentar um projeto detalhado da 7ª edição da SUA. A Universidade suplente, que sediará o evento caso algo inviabilize sua realização em Niterói, será a UNICAMP. Podemos perceber que, apesar dos esforços, a SUA ainda não possui o caráter efetivamente nacional que tanto é desejado. Poucas e pontuais eram as universidades presentes que não fazem parte do Sudeste ou Centro-Oeste. Nacionalizar de fato o evento é um grande desafio para as próximas edições da Semana.
Em um último momento, e abordado de maneira bastante superficial, quando já estavam todos ávidos pelo almoço, a conversa se voltou para o feedback da VI SUA. Trago aqui o meu relato, mas é importante ter em vista que outras pessoas o poderiam narrar de outra maneira, levando em conta as prioridades e preferências que cada indivíduo possui. Quem já esteve em Brasília sabe que a capital não é muito gentil com aqueles que tem o hábito – ou a necessidade – de andar a pé. Tudo é muito distante e as ruas raramente contam com o luxo que chamamos de calçada. Portanto, a logística foi um grande problema a ser resolvido pela organização. O ônibus fretado que realizava diariamente o trajeto do Albergue, onde muitos participantes estavam hospedados, até a Universidade de Brasília (UnB), foi uma alternativa eficiente, embora estivesse, por vezes, lotado e desconfortável. Outro problema a ser enfrentado foi a alimentação dos inscritos. Um acidente ocorrido, dias antes do evento, no Restaurante Universitário da UnB, inviabilizou esse recurso. A solução encontrada – refeições em marmitas – era eficaz para o almoço, mas o jantar era uma incógnita diária. Terminando o que diz respeito à questões de acomodação, a hospedagem era, em certa medida, precária, porém justificável por todo o contexto financeiro do evento.
A programação da VI SUA começou a todo vapor, mas não se manteve no mesmo ritmo até o final. Os primeiros dias contaram com Mesas, Fóruns e Oficinas, ocupando as manhãs, tardes e noites de segunda e terça-feira. A quarta-feira foi reservada para as excelentes Mostras e ainda contou com a última Mesa do evento. Entretanto, os últimos dias tiveram presente uma atmosfera de improviso e diluição. De fato, parecia que a Semana encerrava-se na quarta-feira, após a última festa.
As quatro mesas propostas, grandes pontos positivos da programação, tinham uma proposta interessante de continuidade. Ia-se de do nível local para um contexto mais universalizado. Os convidados eram excelentes e, apesar do cunho ter sido majoritariamente expositivo, o conteúdo ali proposto era vasto e muito proveitoso.
As oficinas também eram bastante interessantes e diversas, sendo que chegavam a acontecer 10 concomitantemente. Os convidados eram de peso e elas foram divididas em oficinas de 6 horas de duração e oficinas de 12 horas de duração. Infelizmente, há algumas ressalvas. O processo de inscrição foi bastante confuso e algumas pessoas não sabiam em quais oficinas estavam inscritas há pouco tempo do evento. Aliás, muitas informações foram dadas aos participantes um dia antes do início das atividades. Outro ponto negativo foi a ausência geral de monitores aptos da equipe organizadora durante a realização dessas oficinas. Foi possível presenciar, por exemplo, um oficineiro buscando incessantemente um item estrutural que deveria estar presente na sala. A ausência de pessoal, talvez justificável pela equipe reduzida de pessoas, também pode ser notada em outros eventos, porém, de maneira mais sutil.
As mostras foram outro grande pronto positivo da Semana e selecionaram ótimos filmes. Já os últimos dias contaram com poucos eventos, um na quinta-feira (Teste de audiência do longa Paraíso, aqui vou eu) e o Fórum II, sobre o qual esse texto trata. Talvez a programação poderia ter sido melhor equilibrada, com menos dias lotados e sem dias tão diluídos.
Não cabe nesse espaço falar sobre as festas promovidas pelo evento, mesmo que para alguns elas foram visivelmente o maior interesse.
A VI SUA foi promovida com competência, possuindo pontos positivos e negativos, como qualquer outro evento. Entretanto, acredito que o simples encontro de estudantes possua potencial para ser mais e para gerar frutos realmente produtivos, com uma motivação maior, que seja, de fato, nacional.
*Jéssica Agostinho é estudante de Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos e Editora Geral da RUA.
Pingback: VI SUA – Dias #5 e #6 « Revista Universitária do Audiovisual