MOSCA 8 / Dia #1 – Mostra Brasil I

Por Lidiane Volpi *

Na noite do último dia 10, ocorreu a abertura da 8ª Mostra de Cinema de Cambuquira (MOSCA). Como já é costumeiro, as atividades foram iniciadas com mostras de curtas metragens nacionais. Esse ano a organização optou por dar continuidade à bem sucedida Mostra Brasil – Sessão Cambuquira, espaço que visa dar destaque para produções locais.

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Divididas em três pequenas sessões com três curtas em cada qual, a Mostra Brasil I, abriu a noite com o curta Atrás da História (Ou No Coração do Filme), de Jarleo Barbosa, diretor que participa da Mostra pelo segundo ano consecutivo. O curta metalinguístico narra a saga de um filme atrás de uma história para poder expressar-se enquanto meio. Nele, vários elementos inerentes a construção fílmica são explicitados: o uso de voz over, os joguetes entre bem e mal, a procura por uma mocinha. A câmera passa, em 8 minutos de filme, por um verdadeiro processo de antropomorfização.

O segundo filme, realizado mediante a premiação ofertada pelo Projeto Sal Grosso, presente no Festival Brasileiro de Cinema Universitário, denominado Eu Nunca Deveria Ter Voltado, dos realizadores Eduardo Morotó, Marcelo Martins Santiago e Renan Brandão, lida com a viagem introspectiva do protagonista ao encontro de si mesmo, através de suas raízes familiares, situadas em um passado já muito distante para ele. É a partir de retratos parentais que Dirceu, já envelhecido, parte para os amores juvenis, as questões familiares, importantes para a sua formação. A fotografia do filme explicita o caráter de álbum de recordações, as bordas turvas ao olhar que vê a tela, parecem ser as mesmas que tentam enxergar, com alguma dificuldade, onde é que se encontram as emoções já passadas.

O último filme da Mostra Brasil I, A Má Notícia, da realizadora Elza Cataldo, objetiva decifrar a história por trás do quadro de mesmo nome, do pintor Belmiro de Almeida. Parte-se então para um emaranhado de possibilidades, que resvalam na história do país, relações amorosas em decadência, a posição da mulher na sociedade de séculos passados e também na relação de amor à arte. Cada possibilidade finda-se com pictoralização da cena com a protagonista prostrada na exata posição adotada pela mulher retratada no quadro de Belmiro de Almeida. A construção do roteiro ocorre através da leitura de cartas enviadas pelas diversas vozes que compõem as numerosas possibilidades de interpretação. A atuação utiliza-se de certo tom teatral, visando diferenciar os pequenos trechos que constroem a narrativa.

Após a exibição, fora dado espaço para que o público pudesse debater acerca dos filmes exibidos. As discussões ocorreram de modo a explicitar características das tramas que despertaram a atenção daqueles que ali se encontravam e promover a troca, de experiência e informações, entre os frequentadores da Mostra.

* Lidiane Volpi é estudante de Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos e editora da RUA.

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