* Por Henrique Rodrigues Marques
No terceiro dia de MOSCA aconteceu, às 19 horas, a Mostra Brasil V. O público que lotou a sala pode conferir três curtas que, cada um a sua maneira, celebravam a memória e a nostalgia.
The Best of Lambada, de Yuri Amaral, que estava presente na exibição, foi o responsável por abrir a exibição. O filme analisa, através de entrevistas com integrantes do grupo Kaoma, a história da lambada, sua ascensão e queda. O filme revela uma série de curiosidades, como o fato do grupo ter sido produzido por um empresário francês, que pretendia usar a lambada como “ritmo do verão europeu” e a polêmica do hit “Chorando se Foi” ter sido roubado de artistas bolivianos. Destaque pela direção, que devota referências respeitosas e homenageia o período, através da reprodução de trechos de videoclipes.
Em seguida, conferimos o dolorido O Que Lembro, Tenho, de Rafhael Barbosa. O filme trata de maneira muito delicada a velhice – tema que apareceu diversas vezes nas sessões dessa noite -, contando a história de Maria, uma idosa que vive entre num apartamento sob os cuidados de sua filha Joana, mas devido a sua demência, se encontra revivendo situações do passado. Em termos técnicos, o curta é um dos mais primorosos dentre os exibidos até agora.
Fechando a sessão, tivemos outro documentário. Flor, Minha Flor parte de uma foto tirada durante a a primeira apresentação de Romeu e Julieta pelo Grupo Galpão na praça do Papa em Belo Horizonte, para investigar um grupo de pessoas que presenciaram o evento e entrevistá-las 20 anos depois. No total, foram 18 entrevistados, de diversas gerações. O relato vai do divertido ao emocionante e demonstram a importância das apresentações públicas do grupo para a população em geral.
Ao término da exibição, aconteceu o tradicional debate que contou com a participação de Yuri Amaral, que contou sobre a experiência da produção do documentário. O cineasta explicou que optou fazer o filme de maneira independente devido a impossibilidade de se conseguir um edital para filmar em outro estado, e a dificuldade de se divulgar o curta em festivais (já que devido a sua duração de 24 minutos, é considerado pela maioria das curadorias como um média-metragem). Além disso, o vídeo levantou alguns saudosismos da lambada entre os membros da plateia. Noite iniciada em clima de descontração e risadas.
* Henrique Rodrigues Marques é estudante de Imagem e Som na Universidade Federal de São Carlos e editor da RUA.