MOSCA 8 / Oficinas – “Lamego-Cambuquira: Minha Vida Daria um Filme” e “Leiria/Lisboa: Minha Paisagem de cinema”

* Por Henrique Rodrigues Marques

Um dos eventos que mais se destacam na MOSCA desse ano é o projeto de intercâmbio em videodança entre Brasil e Portugal, ministrado pela bailarina Moema Gumarães. A proposta é a produção de três oficinas inspiradas nas que Moema viveu em Portugal com diversos profissionais do meio. Eu tive o prazer de acompanhar duas oficinais das três que compõe o projeto, ambas divididas em duas partes (uma quinta e outra sexta-feira).

Na primeira, “Lamego-Cambuquira: Minha Vida Daria um Filme”, a orientadora propôs ao grupo de participantes que cada um contasse um episódio de suas vidas que tivesse alguma relação com o cinema. O pequeno grupo, composto por crianças, adolescentes e adultos, teve duas opções na hora de traçar esse paralelo: parte narrou um momento curioso ou especial em que sentiu que sua vida parecia um filme, enquanto uma outra parcela se apropriou da comparação de filmes específicos com alguma caso vivido por elas.

O resultado foi tão diverso quanto o grupo, indo de desencontros infantis até a descoberta do prazer de ser mãe. Inicialmente, Moema propôs que cada um narrasse sua história individualmente, no formato de pequenos contos. No entanto, o processo criativo do grupo acabou migrando para um outro caminho, e eles decidiram criar uma história em conjunto, misturando um pouquinho do relato de cada um. A diretora Moema abraçou com entusiasmo a ideia e topou remoldar o formato da oficina a partir dessa premissa.

Após esse brainstorm, o grupo passou para a segunda etapa e estabeleceu um pequeno roteiro. Depois os participantes colocaram a mão na massa! Atuando em cenários localizados nas dependências da própria MOSCA e improvisando elementos de cena com o que eles possuíam (uma régua se torna um cacetete e um agasalho um elegante blazer de Chaplin), todos se divertiram com a produção. Ainda na mesma oficina, fizeram a captação do áudio, em um pequeno estúdio improvisado, de cada um contando um trecho da história que eles montaram.

Após um intervalo para o lanche (com direito a pipoca remanescente do Clubinho da Mosca), o grupo voltou para a segunda oficina. “Leiria-Cambuquira: Minha paisagem de cinema”, apresentou uma proposta bem parecida com a de sua antecessora. Se na primeira os participantes foram convidados a encontrar em suas vidas momentos cinematográficos, agora a ideia é que eles identifiquem na cidade de Cambuquira cenários dignos de uma produção hollywoodiana.

Nesse segundo momento, mais participantes chegaram para somar ideias ao grupo da primeira oficina. Após uma breve contextualização de Moema, o empolgado grupo decidiu se aventurar fazendo algumas filmagens numa praça próxima ao espaço da MOSCA. Caracterizando uma das crianças presentes como portuguesa – utilizando apenas um simples lenço que estava no local – o grupo se empenhou em fechar um pequeno trecho da rua, tudo por um bom resultado na obra audiovisual! A equipe empenhada se manteve filmando até que a falta de luz natural dificultasse a captação das imagens, voltando a ativa na sexta-feira logo pela manhã.

O interessante em oficinas como essas é a possibilidade de aproximar o público comum da produção audiovisual, mostrando os processos estruturais de criação e estimulando o pensamento do “faça você mesmo”. O garoto Kelvin, de 15 anos, adorou a oficina. Frequentador da MOSCA há alguns anos, o jovem disse que o que ele leva de mais importante a cada ano da Mostra são as amizades que ele estabelece com as pessoas que conhece durante os dias de festival. Além disso, se mostrou bem disposto a produzir outros vídeos no futuro, pondo em prática o conteúdo aprendido durante a oficina, assim como fez com os conhecimentos adquiridos em MOSCAS passadas. “A minha oficina favorita das mostras anteriores foi uma que ensinou a tirar foto utilizando uma lata usada. Achei bem interessante”, diz o jovem que complementou dizendo que aplicou a técnica outras vezes mais tarde.

Agora, o material bruto captado pela equipe passará pela edição nesse sábado, e será exibido em formato de curta na Sessão de Encerramento, mostrando para o público o resultado do trabalho feito por eles mesmos.

* Henrique Rodrigues Marques é estudante de Imagem e Som na Universidade Federal de São Carlos e editor da RUA.

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