II SEMANA DE IMAGEM E SOM & MÚSICA (SIM) / DIA #1 – oficina de aguarpa

Por Chris Ribeiro*

Dando continuidade a II Semana de Imagem e Som, ocorreu no dia 28 de agosto a oficina “Os Gestos da Música Eletrônica”, oferecida pelo grupo do Projeto Aguarpa e coordenada pelo professor Eduardo Nespoli. O Aguarpa é um projeto nascido em 2010 na Universidade Federal de São Carlos – UFSCar com foco na elaboração de instrumentos artesanais a partir de outros já existentes.

A oficina começou unindo as esferas do audiovisual e da música por meio da exibição de um vídeo sobre o projeto, com performances e entrevistas dos envolvidos. Após a sessão, os participantes foram convidados a se deslocarem ao palco onde estava montada uma estrutura composta por mesas, caixas de som, computador e alguns componentes que mais tarde revelariam se tratar de instrumentos musicais.

Primeiramente, foi discutida a elaboração dos instrumentos usados. Os membros do projeto explicaram que partem do conceito de gambiarra eletrônica, ou seja: por meio de equipamentos industrializados já existentes, constroem outros que são capazes de produzir sons, dando assim um novo sentido a eles e tornando-os singulares.

Foi também demonstrado o funcionamento desses instrumentos. Explicaram que a sonorização produzida por cada um é resultado de uma improvisação pessoal, e todos os defeitos e acasos que surgem durante o processo geram uma transformação no material que possibilita novos sentidos ao instrumento. Quando os sons dos instrumentos são combinados, utiliza-se um roteiro a fim de obter uma maior harmonia entre eles. Assim, surge a arte sonora do projeto.

Num segundo momento, os participantes passaram de ouvintes a praticantes, podendo também interagir com os instrumentos. Foram formados grupos de quatro pessoas e cada um ficou com um aparelho à escolha. Foi proposto que explorassem as diversas possibilidades sonoras de cada instrumento, mesclando-as a fim de criarem uma performance coletiva. Um a um, iam se revezando e conhecendo aquelas peças que pouco se pareciam com instrumentos musicais: havia a que funcionava pelo contato de pequenas baterias com uma placa de metal, outra que continha sensores de luzes e produzia sons por meio do movimento de tampas de panelas, e ainda uma que o emitia pelo giro de uma manivela. Além de conseguirem extrair sons dos equipamentos, os participantes se divertiam pela maneira pouco convencional como o processo se dava.

Mais do que proporcionar uma experiência musical inusitada, a oficina apresentou o encontro da arte com a tecnologia, contribuindo para a diminuição do pensamento moderno de que são áreas antagônicas. Todas as formas artísticas têm por base as ciências exatas. Sem os cálculos, os processos químicos ou o desenvolvimento de determinadas ferramentas, elas não seriam possíveis, pelo menos não como as conhecemos. Portanto, é errôneo separá-las. O Projeto Aguarpa é uma proposta contemporânea que conversa com isso. Além de um espaço de produção artística, incentiva o desenvolvimento da pesquisa, explorando e descobrindo novas possibilidades de combinar a arte com a ciência.

* Chris Ribeiro é estudante de Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos e editora da RUA.

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