O ciclo virtuoso e a mediação: a circulação de representações gays na novela Amor à vida

The virtuous cycle and mediation: the circulation of representations of gay in the novel Amor à vida

 

Paulo Cunha[1]

Danilo Postinguel[2]

 

Resumo

Este trabalho propõe tematizar a premissa da circulação de mensagens, um dos pilares do conceito de mediação, a partir da análise de representações de personagens homossexuais em novelas da Rede Globo, em especial, na novela Amor à vida, buscando questionar tais caracterizações e, debatendo se essa maneira de circulação não reforça os estereótipos negativos e os preconceitos.

Palavras-chave: Comunicação; Mediação; Estereótipos; Gênero; Novela.

 

Abstract

This paper proposes thematize the premise of the movement of messages, one of the pillars of the concept of mediation, from the analysis of representations of gay characters on soap operas of Rede Globo in particular the novel Amor à vida, seeking to question such characterizations and debating if this way of movement does not reinforce negative stereotypes and prejudices.

Keywords: Communication; Mediation; Stereotypes; Genre; Novel.

 

Cultura, linguagem e mediação

Vida que se desdobra em palavras. Vozes polifônicas e polissêmicas que assumem a transparência de uma sociedade, embora esta transparência entendida como linguagem seja um espaço de conflito entre o dito e o não-dito, entre escolhas e imposições, entre versões, entre as diversas lentes que constroem as visões particulares que, somadas, podem ser entendidas como um traço da cultura.

Neste sentido, o social e o individual encontram-se na linguagem, cuja mediação, segundo Schaff (1971: 250-251), acontece em via de mão dupla: não só transmite aos indivíduos a experiência e o saber das gerações passadas, mas também se apropria dos novos resultados do pensamento individual, a fim de transmiti-los – sob a forma de um produto social – às gerações futuras”. Por sua vez, a linguagem, ao assumir esta responsabilidade, poderia ser compreendida como fator criador no processo do pensamento humano, o qual, de certo modo, poderia estar vinculado ao processo de subjetivação dos indivíduos.

Cabe pontuar que a questão da linguagem, aqui introduzida, tem por objetivo situar a relação entre o que é da ordem individual e social com a comunicação, entendendo que será neste espaço que as representações travestidas de valores e de leituras da realidade poderão produzir sentidos, que nem sempre existirão sem uma ideologia que os possibilite.

A partir da compreensão de que a linguagem é fruto de um conjunto de discursos e que “a sociedade funciona no bojo de um número infindável de discursos que se cruzam, se esbarram, se anulam, se complementam [e que] dessa dinâmica nascem novos discursos, os quais ajudam a alterar os significados dos outros e vão alterando seus próprios significados […]” (BACCEGA, 2007: 79). Para isto, deve-se ter claro que:

[…] o trabalho discursivo de produção de identidades desenvolvido pela mídia cumpre funções sociais básicas tradicionalmente desempenhadas pelos mitos – a reprodução de imagens culturais, a generalização, a integração social dos indivíduos. […] Esses modelos de identidades são socialmente úteis, pois estabelecem paradigmas, estereótipos, maneiras de agir e pensar que, simbolicamente, inserem o sujeito na comunidade imaginada (GREGOLIN, 2007: 50).

Revela-se, portanto, a necessária compreensão dos objetivos com os quais uma informação ou uma referência são produzidas. A forma como a ideologia se apresenta reflete a cultura de um contexto e de uma determinada época. Entretanto, a construção de referência não pode ser compreendida à luz de uma manipulação que não encontra obstáculos nem resistência, muito menos um indivíduo receptor passivo. Há uma relação de produção de ambos os lados, posto que, para que seja recebida, a mensagem deverá dialogar e fazer sentido, inserida num infinito processo de significações de parte a parte.

Como lentes, portanto, prevalecem o contexto e o apanhado de experiências pessoais e sociais, que exercerão a mediação entre os dois lados. E onde, com especial vigor, incluem-se as relações midiáticas, conforme alerta Silverstone (2005: 12), posto que “[…] é impossível escapar da mídia, […] para fins de entretenimento e informação, de conforto e segurança, para ver algum sentido nas continuidades da experiência e, também, de quando em quando, para as intensidades da experiência”, o que se torna um imprescindível espaço para a emergência e veiculação de valores e de representações que dialogarão com o que se entende como subjetivo. Há, decerto, um papel importante na circulação de discursos e de significados. Cabe ressaltar que a questão da mediação, para Silverstone (2005), é pontuada por sua relação, a relação cíclica, ciclotímica, dialógica, ou seja, da circulação – e renovação, transformação, ressignificação – que a informação adquire e reproduz.

Silverstone (2005: 40) também ressalta a relação ideológica implícita, em especial no agenciamento midiático, explica que os resultados dos significados produzidos emergem e “[…] cruzam a soleira entre o mundo das vidas mediadas e o da mídia viva, […] as agendas mudam […] [e se impõem] formas próprias de trabalho, uma nova realidade, mediada, [rompe] a superfície de um conjunto de experiências e oferecendo, afirmando outras”. Neste sentido, compreende-se que mediação, ideologia e meios se organizam e que há um aspecto delicado e essencial desta dialética no que tange à produção. Pode-se concluir que as representações presentes na linguagem, capazes de produzir sentidos, respeitam códigos e experiências sociais e pessoais, ao mesmo tempo em que possuem – no papel de produção – uma agenda própria. As forças que emanam de um enfrentamento, de uma aceitação e de eventuais estranhamentos, paridos pela mediação, ainda assim estão a serviço de resistências, reforços ou de rupturas; ora intencionais, ora consequentes dos próprios movimentos. Uma vez que não existam ‘movimentos ingênuos’, a forma como a circulação de valores acontece deve ser questão de ordem em estudos de Comunicação.

 

Imagem, estereótipos e produção de sentidos

A mediação acontece a partir dos discursos implícitos e explícitos em determinado grupo social. Com base nesses discursos, cabe, pois, estabelecer a relação direta entre o que é apresentado – e decodificado – pelo indivíduo e pela sociedade, através de representações e significados, com interpretações e traduções de contextos, de gêneros, de papéis sociais, de valores, assim denominados como estereótipos.

Embora possam estar desprovidos de verdades, não se trata de uma visão simplificada ou pejorativa do mundo. Há um quê de organização, há uma profusão de imagens. “O estereótipo designa convicções pré-fabricadas acerca de classes de indivíduos, grupos ou objetos, ou seja, de convicções que não partem de uma análise […] mas de opiniões, usos estabelecidos ou expectativas” (SCHAFF, 1973: 138-139). Assim, o sentido de um estereótipo estaria no senso comum, muito embora a produção de cultura necessariamente respeite uma ideologia, e que, logo, é algo que interfere, altera e é absorvido pela sociedade e difundido pela comunicação. Há, portanto, uma relação próxima e íntima entre estereótipos e ideologias, sem que haja prevalência ou relação de superioridade. Ambos caminham juntos e, em determinado momento, participam de construção alheia.

Outrossim, se há um espaço de diálogo íntimo entre ideologia e estereótipos, este mesmo espaço releva um outro aspecto delicado: a orientação da construção de representações e discursos. Lippmann (2010: 91) aponta, ao colocar-se na posição de receptor, que “mesmo sem dizer isso para nós mesmos, sentimos que toda classificação está em relação a algum propósito não necessariamente nosso”. Este fato, por sua vez, se relaciona diretamente com a importância e com o papel de quem detém e de quem não detém a capacidade de produção, no caso, da comunicação (PINTO, 1969). A responsabilidade implícita nesta importante questão reside no que circula – enquanto valores e juízos, por exemplo – devidamente legitimados pelo poder midiático. Não se trata apenas de temáticas politizadas, mais no sentido de causas ou de bandeiras partidárias, mas do comezinho, do cotidiano, de regras de conduta ou de modus vivendi que, espelhados em meios de comunicação considerados críveis por um grupo social, podem assimilar como ‘verdades’ o que é ali exibido, e apagar a outras referências, ou, se não apagá-las, minimizá-las em prevalência de outras que, talvez, assumam um caráter mais hegemônico ou de superioridade. Neste sentido, vale aprofundar a problematização da ideologia e do poder relacionada à transmissão das referências, a serviço de quem produz a mídia. Pela ótica de Silverstone (2005), quando se dedica a analisar a construção da experiência com/e através do midiático, parte-se da inserção destas manifestações e produções culturais na vida cotidiana, em algumas de suas várias possibilidades. Ou seja, o foco origina-se nas lentes que existem nos indivíduos – baseados em sua constituição, experiência social e pessoal –, com as quais se relacionam, compreendem, participam e produzem sentidos. Inclusive para aquilo que lhes tocam midiaticamente, e que, em outro extremo, possui um caráter de resultado de uma intenção. Cabe, pois, enfatizar que se houve uma intenção, houve uma escolha e algo não foi dito ou exibido em função daquilo que foi.

Desafio posto, ainda cabe uma última tematização: se o que circula traz em seu bojo um imbricamento de posições culturais e ideológicas, pessoais e sociais, como seria possível avaliar a qualidade daquilo que circula? A produção de sentidos não se encontra diretamente relacionada à forma como o diálogo entre referências e imaginário acontece, em um contexto, para um determinado grupo social? Haveria algum limite na oportunização da exposição, que permitiria trazer à tona algo que não fora possível antes, ainda que, no processo de mediação e ideológico, algo novo seria apresentado na exposição do que antes estaria impedido? Haveria algum juízo nesta qualidade de exibição? Representações circulantes rompem ou reforçam estereótipos existentes?

 

Sexo, gênero e normatizações

Se até o início do século XVII, “tinha-se com o ilícito uma tolerante familiaridade” (FOUCAULT, 2011: 9), com o despontamento do século XIX, essas normatizações tidas como tolerantes começam a passar por um processo de reformulação. Algumas, consideradas indecências hoje em nossa sociedade, povoavam livremente as ruas naquela época. Com o advento do século XIX surgem inúmeras transformações nas sociedades, esse processo de modernização, implicaria também em ‘modernizar’ o corpo e, por conseguinte a sexualidade, levando para a vida privada os corpos que antes “pavoneavam” (Ibidem: 9) as ruas.

Com o encerramento de sua discussão do ato sexual em espaços públicos, que torna-se inteiramente ato reprodutivo, Foucault (2011: 9-10) ressalta que, com relação ao que sobra “só resta encobrir-se; o decoro das atitudes esconde os corpos, a decência das palavras limpa os discursos. E se o estéril insiste, e se mostra demasiadamente, vira anormal: receberá este status e deverá pagar as sanções”.

Assim, conforme essas normatizações se assentavam nas sociedades e na cultura, o delineamento entre o que era ser homem e o que era ser mulher se solidificava. Bourdieu (2002), em seu livro A Dominação Masculina, elucida pontos que apontam para a diferenciação entre os sexos. Entre as principais justificativas de diferenciação, destaca-se a biológica, ressaltando aqui, a diferença anatômica entre o órgão sexual masculino e feminino, o que já suscitaria uma justificativa ‘natural’ dessa diferença socialmente construída. Neste aspecto, Badinter (2005: 157), contra argumenta, enfatizando que,

Ao fazer da diferença biológica o critério supremo da classificação dos seres humanos, fica-se condenado a pensá-los em oposição um ao outro. Dois sexos, logo duas maneiras de ver o mundo, dois tipos de pensamento e de psicologia, dois universos diferentes que permanecem lado a lado, sem jamais se misturar. O feminino é um mundo em si, o masculino é outro, e eles dificultam a travessia das fronteiras e parecem ignorar as diferenças sociais e culturais.

Além das questões biológicas, Bourdieu (2002) aponta à divisão social do trabalho uma – relação entre o público e o privado, como forma de diferenciar os sexos, ficando o homem o provedor da família, e tendo o papel (privado) a mulher de progenitora e cuidadora do lar. Essa convenção social se mantém hegemônica até meados da década de 1970, quando a segunda fase dos movimentos feministas, com a pílula anticoncepcional toma propulsões.

A importância dos movimentos feministas é notória até mesmo no processo modernizador urbano na América Latina. Essa importância dá-se como apresenta Martín-Barbero (2004: 282-283) pelo,

Desejo e a pressão das maiorias por conseguir melhores condições de vida, isto é, as novas aspirações e demandas que emergem desde meados dos anos 1970 com os novos movimentos sociais a partir dos quais setores populares, ou dos movimentos feministas que dão forma à autonomia conquistada pelas mulheres, e das organizações não-governamentais que configuram novos modos de ação política e de participação cidadã.

Além de dar autonomia as conquistas das mulheres, conforme pontuou Martín-Barbero (2004), o objetivo dos movimentos feministas, nas palavras de Badinter (2005: 145), “é instaurar a igualdade entre os sexos, e não melhorar as relações entre homens e mulheres. Não cabe confundir o objetivo e suas consequências, mesmo que às vezes se finja crer que os dois caminham de mãos dadas”.

Metaforizando essa Guerra dos Sexos[3], Ghilardi-Lucena (2006: 1) enfatiza que “os sinais de novos tempos têm como consequência, tanto para as mulheres, como para os homens, uma profunda insegurança”, contudo, ressalta a ligeira vantagem que o gênero feminino possui por ter começado sua ‘revolução’ antecipadamente. Com relação ao gênero masculino, percebe-se,

Hoje, [que ele] está passando por um profundo processo de revisão de alguns modelos cristalizados na sociedade e conta com a colaboração dos veículos midiáticos que expõem os novos caminhos a serem trilhados, mostrando-os como já aceitos, embora ainda estejam em fase de transição. A crise de identidade por que passam os homens vai sendo amenizada pela cumplicidade da mídia (GHILARDI-LUCENA, 2006: 1).

Ao passo que o gênero masculino passa por esse processo de revisão, pode-se indagar ainda os pressupostos teóricos levantados por Butler (2007) na relação sexo/gênero. Segundo a autora, o conceito de sexo é entendido como aquele naturalmente adquirido, já o gênero é culturalmente construído. Desta forma, se o gênero é culturalmente construído, “não se nasce Homem, nem se é Homem, empenha-se constantemente na busca de tornar-se Homem. A virilidade representa justamente o investimento numa rede de relações com a busca do reconhecimento da masculinidade” (AREDA, 2006: 1).

Nessa concepção de construção cultural do gênero, “ser gay poderia a principio aparecer como uma maneira de fugir da heteronormatividade [?]” (AREDA, 2006: 3). Com relação ao homossexualismo, Louro (2001: 542) ressalta que “a homossexualidade e o sujeito homossexual são invenções do século XIX”, sujeitos esses considerados como transviados à norma.

Destarte, o sexo feminino há décadas busca legitimar suas lutas em busca da igualdade dos sexos, abrindo às discussões até mesmo para os movimentos homossexuais. Do outro lado, percebe-se hoje o processo de revisão de alguns modelos cristalizados na sociedade com relação ao gênero masculino, essa revisão surge em meio à enxurrada de termos que despontam buscando categorizar o novo homem, entre eles: Novo machão, Metrogay, Metro-hétero, Snag (sensitive new-age guy), Homem verdadeiro, Emo (de emotivo) boy, New bloke  (C.f. Ghilardi-Lucena, 2006).

Ante essas novas nomenclaturas, o homossexualismo presente nas discussões há maior tempo vem ganhando notoriedade cada vez mais, principalmente, na mídia, e em especial nas telenovelas (algumas mais tênues), com as atuais enfatizando mais a aceitação desse grupo. Apropriando-se da indagação feita por Areda (2006: 6), faz-se preciso que fique claro, afinal “qual é o conteúdo do [que] está se exigindo aceitação?”.

 

A construção de personagens gays na novela Amor à vida: reforço ou ruptura?

A mídia, na contemporaneidade, participa e se inspira na construção social. A conexão entre indivíduos e mídia realiza-se a partir do momento em que o que é exibido atinge quem o recebe. Por outro lado, quem produz não está simplesmente resumido a uma compreensão de manipulador, pois, para fazer sentido, é imprescindível que o produto cultural esteja abastecido dos códigos e referências que compõem o repertório de quem recebe a mensagem. Segundo Silverstone (2005: 12-13), há, por exemplo, aspectos que diferenciam a experiência pessoal como “o tempo em frente da TV, ouvindo rádio, lendo jornais, usando internet; diferenças regionais entre cidades, regiões e países; ‘recursos materiais e simbólicos’; softwares, frequência de idas ao cinema, locação de vídeos; computadores portáteis pessoais”. E, especificamente nesta pesquisa, das diversas experiências midiáticas apontadas, o foco estará na televisão, devido ao seu caráter mais democrático e capilar na sociedade brasileira, considerando, claro, sua penetração ampla e irrestrita – o que pode ser constatado diariamente nas aferições do IBOPE[4].

Em suma, há uma força midiática que, amplamente capilarizada na realidade da televisão no Brasil, é uma potente forma de circulação da comunicação e das referências, o que vincula o produto midiático ao individual e ao social, numa ininterrupta recriação e revisão de suas representações. Cuja chave para investigações possa estar, além do estudo da ideologia, no que Silverstone denomina como ponto de partida: “a experiência. A minha e a sua. E sua ordinariedade” (2005: 19).

Assim, desde sua inauguração no Brasil, em 1950, a teledramaturgia foi apresentada em diversos formatos[5]. Se inicialmente o gênero mais predominante era o capa-e-espada, duas novelas da Rede Globo de Televisão romperam com este estilo ao adotar temáticas brasileiras – Véu de Noiva[6] e Verão Vermelho[7]. Posteriormente, também como processo mediado, outras transformações aconteceram. Mas o desafio sempre permaneceu – e permanece até hoje: “saber como se comunicar com o público por trás daquela tela”[8].

O envolvimento gerado pelas tramas de novela trabalha em sintonia com a experiência e com as referências existentes na sociedade onde este fenômeno de comunicação acontece. Inserindo-se também no agenciamento comportamental, como uma das pontes para a experiência, espaço onde “a profusão dessas imagens age como um dispositivo de etiquetagem e de disciplinamento do corpo social” (GREGOLIN, 2007: 50). Movimento que pode ser percebido como forma de aproximação, de busca de referências, de legitimação de mensagens e, ainda, de sugestão de referências recicladas que, em sua soma, serão capazes de gerar sentidos. Martín-Barbero (2009: 308), ao se indagar sobre o prazer que as pessoas sentem ao assistir a melodramas, explica que “começamos a suspeitar de que o que faz a força da indústria cultural e o que dá sentido a essas narrativas não se encontra apenas na ideologia, mas na cultura, na dinâmica profunda da memória e do imaginário”. O que pode incluir “as mais sutis e difundidas de todas as influências […], aquelas que criam e mantém o repertório de estereótipos” (LIPPMANN, 2010: 91).

Assim, referências, discursos, estereótipos e imaginários estariam em posição fundamental sob o prisma da produção midiática que, enquanto mercado, têm expectativas financeiras oriundas da garantia de audiência, garantia que, por sua vez, seria fruto de uma adequada – e mediada – posição em relação ao público a que se destina o melodrama, no caso, uma novela. Se for acrescida a esta problematização a capacidade de naturalizar e a credibilidade do meio ‘televisão’, tem-se a possibilidade de construção de realidades.

Na construção dessas realidades, caricatos mordomos, cabeleireiros e costureiros despontaram entre as tramas. Estes talvez tenham sido os estereótipos mais adotados em novelas para inserir personagens gays – especialmente os masculinos – em novelas ao longo da utilização desta forma de dramaturgia. Censura, conservadorismo de parte da população e machismo, enfim, poderiam ser justificativas concretas para estas escolhas. Entretanto, não habitavam o centro das respectivas tramas, mas circulavam próximos e davam um colorido quase que folclórico ao que seria o núcleo que o viabilizava. A homossexualidade masculina era expressa por trejeitos, pela forma de falar arrastada e, por vezes, afeminando-se a voz. Relações afetivas nunca entravam em sua composição. E se a discussão recaísse na homossexualidade feminina, esta não apareceria ou, quiçá, surgiria de forma extremamente velada, no papel de uma amiga mais próxima que defenderia demais a outra, por um sentimento de ciúme diante a um novo namorado da primeira ou personificado por uma solteirona, sempre dessexualizadas.

Entretanto, houve casos nos quais a exposição da homossexualidade nas novelas conseguia sair deste círculo vicioso de estereótipos e de não-ditos ideológicos, e assumia um status de questão – com claras interferências da Censura Federal e da opinião pública, esta usualmente mais refratária à exposição de tal temática. Tais personagens compunham algum núcleo mais central da narrativa, espaço onde a homossexualidade surgia como questão. Embora este percurso não tenha sido fácil, é possível acompanhar alguns destes casos, abaixo relacionados:

(1) Brilhante[9]: o personagem Inácio (Dennis Carvalho), homossexual totalmente reprimido, cede às pressões da mãe casando-se com Leonor (Renata Sorrah), assumindo a direção da empresa, mesmo não se interessando pelo negócio. “Brilhante teve problemas com a Censura Federal, que não autorizou o uso da palavra homossexual para se referir a Inácio”[10]. A tensão desta relação mantém-se até o final da novela, quando Inácio, com as bênçãos da mãe, separa-se de Leonor e decide viajar para o exterior. Somente na última cena, no aeroporto, outro homem aparece e viaja com ele, sem que nenhuma intimidade – além de um sorriso – tenha sido manifestada.

(2) Roda de Fogo[11]: o personagem Mário Liberato (Cecil Thiré) – dissipa sua libido masculina totalmente na forma máscula como empreende esta vendeta, contando com a ajuda de seu criado Jacinto (Cláudio Curi), um ex-torturador que, uma vez em casa, massageia seu patrão e o idolatra. A homossexualidade mascarada sugere, de forma estereotipada, certa dose de sadismo – não apenas presente na relação entre eles, mas nos acontecimentos violentos da própria estória.

(3) Vale Tudo[12]: A filha de Odete Roitman (Beatriz Segall), a frágil e alcoólatra Heleninha (Renata Sorrah) tem duas amigas, Cecília (Lala Deheinzelin) e Laís (Cristina Prochaska), ambas vivem juntas e administram uma pousada em Búzios, Rio de Janeiro. Descoladas, discretas, inteligentes e éticas, moldavam uma idealização de relação, sem que houvesse para isso nenhuma exposição implícita de homossexualidade, nem discussões acerca de sua condição ou situação. Estas personagens foram alvo da Censura Federal e muitos de seus diálogos foram reescritos.

(4) A próxima vítima[13]: a novela discutiu a homossexualidade masculina por prismas inusitados para a época na televisão brasileira: dois jovens – um negro, Jefferson (Lui Mendes) e um branco, Sandro (André Gonçalves) – vivem uma conflituosa relação de descobertas e receios. A cena em que Sandro revela sua opção sexual à mãe é emblemática à discussão sobre o homossexualismo no Brasil.

(5) Torre de Babel[14]: traz um casal gay feminino, formado por Rafaela (Christiane Torloni) e Leila (Silvia Pfeiffer). Houve forte rejeição às suas personagens pelos espectadores – aferição realizada em pesquisas pela emissora –, resultando na morte das duas na tragédia do shopping, que aumenta a carga de dramaticidade da narrativa e elimina um problema de aceitação por parte do público, muito antes do final da novela.

(6) A favorita[15]: apresenta duas subtramas que envolviam personagens gays: no primeiro, de modo velado, a personagem Catarina (Lilia Cabral), mulher submissa que sofria com os desmandos de um marido violento, contava com o apoio de uma vizinha e amiga homossexual, Stela (Paula Burlamaqui), sem que tenham consumado nada além da amizade platônica; no segundo, Orlandinho (Iran Malfitano), ‘deixa’ de ser homossexual ao se apaixonar por Maria do Céu (Deborah Secco), apregoando, de certa forma, para uma ‘cura gay’ ou, talvez, sinalizando para as múltiplas formas de amor.

Percebe-se, pois, que fora da caricaturização de personagens gays, há uma maior exposição de homossexuais masculinos, o que talvez sinalize uma maior tolerância por parte dos espectadores para tal situação. Residiria, aqui, um maior preconceito na exposição do lesbianismo, da homossexualidade feminina? Fato é que as tramas ou subtramas que se detenham a discutir a questão da homossexualidade ainda são poucas. Prevalecem os estereótipos, pelo menos, quantitativamente.

Recentemente, a novela Amor à vida[16], cuja trama gira em torno de um hospital particular de luxo – o San Marco – localizado em São Paulo, conta com ‘personagens gays do bem’ esbarrando-se com o ‘personagem gay do mal’, o que possibilita discussões sobre casamentos de fachada, ética, cobiça, famílias homoparentais, adoção e ‘barrigas solidárias’.

Um destes personagens – inserido no núcleo central da novela – é Felix (Mateus Solano), herdeiro presuntivo do hospital juntamente com sua irmã Paloma (Paolla Oliveira). Homossexual não assumido para a família capitaneada por seu pai, César Khoury (Antonio Fagundes), médico e diretor do hospital, sujeito machista e tradicional que nunca aceitaria tal possibilidade e, certamente, rejeitaria o filho, que não quer perder o controle sobre o hospital e a herança. Não faltam ao personagem, recursos já utilizados para caracterizações mais caricatas em outras novelas e, em especial, na composição de costureiros ou cabeleireiros, tais como: uma afetação ora contida, ora não; risadas soltas; trejeitos tresloucados, utilização de maledicências e frases venenosas. Felix teve que casar e constituir família (tem um filho) para manter as aparências.

Felix ultrapassa a questão da opção sexual para a questão do politicamente correto, da ética humana. Algumas matérias publicadas logo no início da novela associaram homossexualismo e ética. Todavia, qual questão se colocaria nesta associação, talvez mascarando preconceitos? Que ser gay já bastaria ao personagem, como se tal karma não fosse suficiente? Ou que todo gay deveria ser dócil, mais próximo do estereótipo construído pelas manifestações outrora expostas, sob a forma de ‘seres afeminados’? Seria uma forma de camuflar outra questão importante, a do casamento de fachada – que é parte do projeto de Felix para herdar tudo, sempre se prestando em fazer as vontades do pai? Fato é que, a cada capítulo, este personagem cresce, mas a impressão é a de que o fato dele ser homossexual é um traço – mas não o determinante – para a sua composição. O ciúme doentio da irmã (na verdade, meia-irmã), o amor exacerbado pela mãe e o ódio por seu pai são conflitos mais fortes na estruturação psíquica do personagem, o que caminharia par-e-par com sua homossexualidade enrustida. Mas se não o fosse, não o descaracterizaria.

Há, também, o caso do descolado e afetuoso casal gay masculino – e assumido –, composto por Eron (Marcello Anthony) e Niko (Thiago Fragoso), respectivamente o advogado do Hospital San Marco e o proprietário e chef de um restaurante japonês. Vivendo juntos há muito tempo, com sucesso em suas carreiras e com bom poder aquisitivo, decidem ter um filho; Amarilys (Danielle Winits), amiga do casal, aceita ser a mãe do filho por eles desejado – mas que utilizará seus próprios óvulos sem o conhecimento prévio dos pais (ambos doadores do material genético), o que gerará questões éticas e legais –, além de um possível envolvimento com um dos cônjuges, minando a relação prévia.

Eron e Niko consolidam a ideia do casamento homossexual feliz – com nuances que o aproximam ao imaginário acerca de uniões heterossexuais plenas –, ainda que devidamente estereotipadas. Ambos possuem uma casa elegante, são profissionais de sucesso, seres afetuosos e respeitosos. Embora a temática das “novas famílias” seja rica em possibilidades narrativas, há uma construção polarizada no papel de cada um na relação: Eron é mais masculino na sua composição (teve relacionamentos heterossexuais anteriores), e Niko, mais feminino. E neste aspecto específico, Niko transborda em pontuais exacerbações – nas roupas, no gestual e na forma de falar. Decerto, muitos homossexuais masculinos assim o são, embora esta personificação também traga – em seu bojo –, o preconceito tantas vezes demonstrado, de modo pejorativo, e correntemente denominado sob a forma “bichinha”.

Concluindo, Amor à vida viabiliza em rede nacional um espaço importante para a discussão que envolve a homossexualidade e os tabus a ela concernentes, expondo problemáticas muito específicas, e que naturaliza, além do gênero, uma inserção que já existe e que oportuniza profundidade e dignidade naquilo que deve ser o ponto focal – e não apenas as opções afetivas ou sexuais. Desta forma corroborariam Felix, Eron e Niko a romperem com paradigmas e estereótipos, ou reforçar valores com viés pejorativos?

 

 

Considerações finais

Qualidade e responsabilidade, duas premissas que devem ser resguardadas quando se pensa o potencial e importância que a comunicação e, em especial, a televisão tem no Brasil. Sem que isto se constitua em abandono da compreensão do papel que a mídia exerce na cultura contemporânea. Se a base da comunicação é estabelecida por discursos polifônicos e polissêmicos – como um grande caldo cultural repleto de experiências e de representações –, que geram sentidos a quem a elas é exposto. Parte desta composição encontra, dialoga e faz uso com valores e estereótipos que, por sua vez, vinculam-se a ideologias.

Outrossim, não há, pois, como desvincular a necessidade de tanto respeitar valores como o de avançar na discussão de outros – seja sob a forma de questionamentos sobre o que existe ou seja sob a forma de legitimar algo de novo sobre determinada temática. Assim, se antes esses valores normatizados eram mediados pela família, Escola e a Igreja, conforme salientou Martín-Barbero (2009) em seu livro Dos meios às mediações, hoje a televisão, em especial a novela, além de urdir o imaginário de seus espectadores, corrobora a manutenção e/ou exclusão de valores presentes na sociedade e na cultura.

Especificamente, sobre as representações gays em novelas da Rede Globo de Televisão – e com foco precípuo na novela Amor à vida –, por fim, cabe ainda avaliar qual seria o papel mais importante para uma obra que contém a temática do homossexualismo. Trazendo a indagação anteriormente apresentada por Areda (2006), a que jogo de interesses estaria a serviço esta opção de composição de personagens? Se olharmos, em especial, o casal homossexual Eron e Niko que mantêm uma relação estável há mais de uma década, e que agora decidiram ter um filho biológico – temática principal dos personagens –, é curiosa e até audaz a proposta apresentada pelo autor e pela emissora, se comparado ao tabu do beijo gay, ainda não midiatizado pela emissora.

O mesmo se sucede com o personagem Félix, que concomitantemente com sua vilania, se insinua de forma velada para outros personagens masculinos da trama, mesmo assim, mostrando seus relacionamentos homossexuais extraconjugais de forma dessexualizada.

Se não fosse pelo processo mediador da novela com o propósito de (des)estigmatizar valores, prevaleceriam interesses econômicos, amparados pela necessidade de alta audiência e, para isto, da premência em dialogar com o imaginário e com as representações dos espectadores – o que incluiria parte de uma visão preconceituosa, ou distorcida? Buscar por audiência é legítimo para uma empresa de comunicação, tal como por lucratividade, mas como isto poderia ser equacionado mediante o papel social que a comunicação possui e deve exercer? Qual a qualidade daquilo que circula e em que âmbito se estabelece esta mediação com os valores de um público espectador, objetivado para determinada obra? Não se tratam de simples questões de retórica. É evidente que, mediante o excesso de conservadorismo, novas propostas de personagens gays promovem distintas discussões sobre o tema. Mas, apenas por este valor seria, por outro lado, panfletário e perigoso demais para expor a qualquer preço. Atitudes como esta não minimizariam a responsabilidade de quem produz e de quem critica tais obras midiáticas? Decerto não há uma resposta única ou definitiva. Então, inserida na polifonia colorida deste tema, resta apenas uma sugestão de reflexão mais sofisticada. Para, enfim, aguardar as cenas do próximo capítulo.

 

 

Referências

 AREDA, Felipe. Ser gay e a possibilidade de não ser homen. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL FAZENDO O GÊNERO, 7., 2006, Florianópolis. Anais… Florianópolis: UFSC, 2006, 8 p.

 BACCEGA, Maria Aparecida. O campo da comunicação. In: BARROS FILHO, Clóvis de; CASTRO, Gisela (org.). Comunicação e práticas de consumo. São Paulo: Saraiva, 2007.

 BADINTER, Elisabeth. Rumo equivocado. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

 BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.

 BUTLER, Judith. El gênero en disputa: el feminismo y la subversión de la identidad. Barcelona/España: Paidós, 2007.

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 VÁRIOS. Guia Ilustrado TV Globo: novelas e minisséries / Projeto Memória Globo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010.


[1]Paulo Roberto Ferreira da Cunha. Publicitário, professor universitário e psicanalista. Doutorando em Comunicação pelo PPGCOM/ESPM. Supervisor da Área de Comunicação Integrada do curso de Comunicação Social da ESPM. Autor do livro “O cinema musical norte-americano. História, gênero e estratégias da indústria do entretenimento.”

[2]Danilo Postinguel. Administrador e professor universitário. Mestrando em Comunicação e Práticas de Consumo – ESPM/SP; bolsista PROSUP/CAPES. E-mail: d.postinguel@gmail.com.

[3]Título original da novela: Guerra dos Sexos. Rede Globo de Televisão. Autor: Silvio de Abreu. Direção geral: Jorge Fernando. Veiculada às 19h. Período: 6/06/1983 a  6/01/1984. Remake em 2012.

[4]N.A.: O IBOPE – Instituto Brasileiro de Opinião e Pesquisa possui, dentre outros serviços, a aferição de audiência de programas televisivos. Segundo pesquisa divulgada no primeiro semestre de 2013, o telespectador brasileiro assiste, em média, a quatro horas diárias de televisão aberta.

[5]Cf. Guia Ilustrado TV Globo: novelas e minisséries / Projeto Memória Globo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010. p. 3.

[6]Título original da novela: Véu de Noiva. Rede Globo de Televisão. Autora: Janete Clair. Direção e produção: Daniel Filho. Veiculada às 20h. Período: 14/10/1969 a 06/06/1970.

[7]Título original da novela: Verão Vermelho. Rede Globo de Televisão. Autor: Dias Gomes. Direção: Marlos Andreucci e Walter Campos. Veiculada às 22h. Período: 17/11/1969 a 17/07/1970.

[8]Cf. Guia Ilustrado TV Globo. Op. cit., p. 3.

[9]Título original da novela: Brilhante. Rede Globo de Televisão. Autor: Gilberto Braga. Direção geral: Daniel Filho. Veiculada às 20h. Período: 28/06/1981 a 27/03/1982.

[10]Cf. Guia Ilustrado TV Globo. Op. cit., p. 110.

[11]Título original da novela: Roda de Fogo. Rede Globo de Televisão. Autor: Lauro César Muniz. Direção geral: Dennis Carvalho. Veiculada às 20h30. Período: 25/08/1986 a 21/03/1987.

[12]Título original da novela: Vale Tudo. Rede Globo de Televisão. Autor: Gilberto Braga. Direção geral: Dennis Carvalho. Veiculada às 20h30. Período: 16/05/1988 a 06/01/1989.

[13]Título original da novela: A próxima vítima. Rede Globo de Televisão. Autor: Sílvio de Abreu. Direção geral: Jorge Fernando. Veiculada às 20h30. Período: 13/03 a 04/11/1995.

[14]Título original da novela: Torre de Babel. Rede Globo de Televisão. Autor: Sílvio de Abreu. Direção geral: Denise Sarraceni. Veiculada às 20h30. Período: 25/05/1998 a 15/01/1999.

[15]Título original da novela: A favorita. Rede Globo de Televisão. Autor: João Emanuel Carneiro. Direção geral: Ricardo Waddington. Veiculada às 21h. Período: 02/06/2008 a 16/01/2009.

[16]Título original da novela: Amor à vida. Rede Globo de Televisão. Autor: Walcyr Carrasco. Direção geral: Mauro Mendonça Filho. Veiculada às 21h. Período: lançada em 20/05/2013, atualmente em exibição.

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