O Pequeno Príncipe na Oca

“As pessoas grandes precisam sempre de explicações”

Antoine de Saint Exupéry

Em um pequeno planeta com uma rosa e dois vulcões, vive um pequeno menino de cabelo bagunçado, lenço no pescoço e calça de corte boca-de-sino; um pequeno príncipe. É esse ambiente que, entre os dias entre os dias 22 de outubro e 20 de dezembro, é remontado na Oca, no parque do Ibirapuera em São Paulo, capital.

A exposição (diria até instalação), reproduz a história do 3º livro mais traduzido no mundo (ficando atrás apenas da Bíblia e do Alcorão) e que já bateu a venda de mais de 80 milhões de exemplares, entre 400 a 500 edições – além da vida do autor do livro, Antoine de Saint-Exupéry, fazendo parte dos eventos em comemoração ao ‘Ano da França no Brasil’.

A cenografia foi cuidadosamente pensada pela dupla de cenógrafos Daniela Thomas e Felipe Tassara, a começar pelo local, que visualmente já nos remete ao planeta do personagem, o B 612.

O ambiente, com 10 mil metros quadrados  feitos com materiais inéditos até mesmo na França, foi preparado para nos sentirmos dentro da narrativa que foi criada em 1943; logo na entrada há uma pequena Paris, onde estão instaladas lojinhas, docerias, entre outros e somos convidados a entrar dentro dessa viagem começando pelo ingresso, que nos remete a uma passagem de avião (além de poeta e escritor, Saint-Exupéry foi aviador).

“Para os que viajam, as estrelas são guias.”

Logo na primeira instalação somos convidados a entrar no cenário do livro e assim passaremos por mais 15 instalações com esse mesmo intuito. Refiro-me a elas como instalações, pois quase todas contam diretamente com a interatividade do público, o que faz com que você se sinta parte dessa história. Em algumas delas nota-se de longe que existe uma grande preferência pelo público, especialmente das crianças.

Fotos por Lígia Borba
Fotos por Lígia Borba

Em “Por favor… desenha-me um carneiro?” o público é convidado a desenhar também a história, e é encantador ver como as pessoas querem ‘fazer parte’ da história. Diversos desenhos, de idades e habilidades diferentes, frases do livro, ou frases que dizem algo bom, trazem a beleza dessa sala.

Outra sala que também nos chama muita atenção é a sala que ilustra o capítulo “Adeus”, quando o príncipe aproveita os pássaros selvagens que emigravam para evadir-se de seu planeta e deixar sua rosa. As crianças são convidadas a andarem por trás de uma projeção com uma bolinha laranja na mão, e ao andarem, ‘saem diversos pássaros dessa bolinha’, os quais vão seguindo a criança até o final do percurso da tela. Extremamente original, a idéia traz o brilho no olhar das crianças, e garante a admiração dos adultos por sua beleza.

“É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas”

Ainda entre os 15 cenários que representam o livro, encontramos em um deles, o planeta do principezinho e de outros personagens, como o planeta do acendedor de lampiões.

Sérgio Neves/ Agência Estado
Sérgio Neves/ Agência Estado

São expostas fotografias familiares, documentos de época, manuscritos e desenhos, além de projeções de filmes que recontam a história de Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944), todos sendo contextualizados com o que ocorria no Brasil durante o período citado. A exposição conta com também com a maior coleção de livros do mundo do autor, que pertence ao catalão Jaume Arbones. Todos os livros são as primeiras edições, contando com 60 idiomas diferentes.

Subindo um andar, encontramos um verdadeiro espaço sideral retratando alguns dos planetas pelos quais passa o principezinho, onde podemos encontrar inclusive o planeta do pequeno, B 612. Todos projetados no teto, com a sensação de que realmente há um planeta em cima de nossas cabeças, graças ao efeito 3D.

Foto por Tiago MAL
Foto por Tiago MAL

“- Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que fez tua rosa tão importante.

… Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.

Tu és responsável pela rosa…”

Já no piso térreo encontramos uma montagem com as viagens feitas por Exupéry, monitores que mostram as diversas adaptações que já foram produzidas em vídeo e frases e cartazes com trechos do livro em diversos idiomas; na junção de tudo isso fica retratada a influência direta da vida do escritor em sua obra.

Foto por Lígia Borba
Foto por Lígia Borba

Ao final da exposição, somos convidados a deixar escrito em uma estrela ‘plantada’ em um galho de árvore uma mensagem, a estas serão colhidas por educadores, que as encaminharão ao programa “Passaporte do Cidadão Global”, projeto idealizado pela Associação Arte sem Fronteiras.

A exposição traz à tona a criança existente dentro de cada um de nós e nos faz refletirmos sobre as coisas que são realmente importantes, e sobre o pensar como adulto, ou como criança.

“As estrelas são todas iluminadas…

Não será para que cada um possa um dia encontrar a sua?”

Recomendo que se tenha lido o livro recentemente, pois dessa forma pequenos detalhes serão apreciados de maneira melhor, mas pra quem já leu ao menos uma vez, a sensação de estar no asteróide do principezinho será a mesma, é uma ótima experiência, fruto de um trabalho muito bem feito.Ainda há tempo, vá com o coração aberto, e não tenha medo de se sentir uma criança novamente.

“Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração.

O essencial é invisível para os olhos”

Antoine de Saint Exupéry

Lígia Borba é graduanda em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

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Este post tem 2 comentários

  1. Author Image
    suzy

    ADOREI ! PARABENS PELA REPORTAGEM!

  2. Author Image
    equipe

    Voces que acompanharam, nos visitaram , vibraram com esse sonho, comemorem conosco! nao é divertido?

    A Exposição O PEQUENO PRINCIPE NA OCA foi indicada como destaque melhores do ANO 2009 pela FOLHA DE SAO PAULO

    Se voces acharem que merece , votem no Pequeno Principe na Oca , no link

    http://polls.folha.com.br/poll/0933711/

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