Oficina “Da improvisação à não atuação: a relação entre o ator e a cinematografia no cinema brasileiro”

 A única oficina voltada para direção de atores na SUA deste ano teve um enfoque recorrente no cinema brasileiro: direção e preparação de não-atores. Realizada em dois dias (05 e 06) para um público médio de 20 pessoas, a oficina teve uma ementa mais teórica. Os exercícios práticos ocorreram ao final do segundo dia. O oficineiro utilizou trechos de filmes, indicou livros e exercícios, contextualizando diferentes abordagens de atuação, como o neorrealismo (principalmente uso de estereótipos e transeuntes). Outro foco teórico importante se deu com o processo de casting de Cidade de Deus (Meirelles, 2002), mostrando trechos de entrevistas com a preparadora de elenco do filme e as dificuldades encontradas em situar não-atores às exigências de cenas específicas. No âmbito geral do cinema brasileiro, diferenciou os processos de direção de atores de Glauber Rocha e de Fernando Meirelles. Enquanto Glauber preferia o realismo brechtiniano em que há um certo distanciamento, mas que é possível que o espectador identifique arquétipos, Meirelles prefere o realismo hollywoodiano, mais calcado na verossimilhança. Outras referências importantes foram a memória afetiva de Stanislavsky e a preparação específica de Marlon Brando (cenas isoladas, sem imersão completa na personagem).

Quanto a parte específica de preparação de elenco, Henrique Oliveira destacou a importância de saber adequar os exercícios a cada situação e que sua abordagem – um método holístico de terapia que canaliza energias ativadas em todos os chakras corporais para que haja um posterior relaxamento – precisa ser estudado e praticado pelo preparador antes que seja repassado para atores e que geralmente funciona melhor com atores sem formação rígida – foco da oficina.

Antes da atividade principal, foram realizados exercícios respiratórios e alongamentos, a fim de relaxar todos os participantes para a atividade core que teria 1h de duração. O exercício consistia em quatro etapas: canalização energética (15 minutos), liberação da energia (15 minutos), meditação (15 minutos) e relaxamento total em silêncio (15 minutos). Nem todos os participantes da oficina realizaram o exercício: pessoas com problemas de articulação e outros impedimentos físicos apenas observaram ou participaram como “monitores” (observar os participantes e transitar pelo ambiente para que cada um permanecesse no seu espaço, garantindo a integridade física de todos os envolvidos). Ao final da sessão, os participantes foram convidados a relatar suas experiências que foram, em sua maioria, muito positivas.

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