Os 20 Melhores Filmes de 2023

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Por Equipe RUA

2023 veio para derrubar de uma vez por todas as dúvidas se o público retornaria às salas de cinema. O fenômeno Barbenheimer foi prova da força dos espectadores, fazendo com que os dois filmes somados arrecadassem mais de 2 bilhões de dólares. Além disso, no último ano, tivemos o retorno de diretores aclamados, como Martin Scorsese, com Assassinos da Lua das Flores, Sofia Coppola, com Priscilla, e David Fincher, com O Assassino. No Brasil, o destaque ficou para Kleber Mendonça Filho, com seu filme intimista Retratos Fantasmas, e Adirley Queirós, com o aclamado Mato Seco em Chamas, que desafia os limites entre ficção e documentário. Também não faltaram novos capítulos de franquias grandiosas, como é o caso de Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, uma das sequências mais aguardadas dos últimos tempos, Guardiões da Galáxia Vol. 3 e Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes. E para contrastar com os grandes nomes, um dos maiores sucessos de 2023 foi um filme de estreia, Vidas Passadas, de Celine Song, produzido pela gigante A24, que levou para casa todos os maiores prêmios nos Oscars de março.

Sendo assim, nossa equipe separou os 20 filmes que considerou os melhores do ano passado e trouxe aqui uma brevíssima crítica sobre cada um deles. O ranking foi feito da seguinte forma: cada membro da equipe elencou uma lista, ranqueada ou não, de 5 a 10 dos seus filmes favoritos do ano e cada um deles recebeu uma pontuação (o primeiro recebeu 10 pontos, o segundo 9 e assim sucessivamente, caso a lista não fosse ranqueada cada filme recebeu 5 pontos). Em seguida, as pontuações foram somadas e os filmes foram organizados em ordem decrescente de pontuação, os 20 primeiros foram selecionados e estão aqui para serem conhecidos. Além disso, vale destacar que consideramos como “filme de 2023” as obras lançadas em seu país de origem ao longo do ano passado, seja comercialmente ou em festivais ou pré-estreias. Logo, produções como Close, de Lukas Dhont, e Aftersun, de Charlotte Wells não foram elegíveis. Enquanto filmes que chegaram, ou ainda estão para chegar ao Brasil apenas em 2024 foram considerados. 

A seguir, os 20 Melhores Filmes de 2023, segundo a Equipe da RUA:

20. O Assassino, de David Fincher (13 Pontos)

Por Gabriel Almeida

O mais recente filme do aclamado diretor David Fincher talvez não tenha sido capaz de surpreender tanto quanto os demais de sua carreira, contudo é suficientemente capaz de integrar sua filmografia como mais uma obra complexa sob a perspectiva de uma história ousada. Definitivamente uma experiência para os amantes do cinema.

19. Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, de Francis Lawrence (15 Pontos)

Por Nycolle Barbosa

Esta prequel da saga principal Jogos Vorazes, A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes explora o início da ascensão do futuro ditador-presidente Coriolanus Snow e um Jogos Vorazes em construção, ainda em sua 10ª edição, 64 anos antes de Katniss Everdeen. Nesse novo Jogos Vorazes, os temas políticos e sociais dos filmes originais tornam-se ainda mais evidentes. Os Jogos são um experimento de pensamento extremamente sádico revelando as intenções nefastas da Capital, perdendo completamente a aura de uma Olimpíada mega financiada, glamourosa e com storytelling: romance ou melodrama na arena que desvia a atenção do público para o que realmente ocorre – crianças se matando. 

Além da história d’A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, Tom Blyth e Rachel Zegler são carismáticos e os visuais do figurino das personagens e da arquitetura são muito bonitos, assemelhando-se aos da URSS – um comentário ao stalinismo, talvez? No entanto, as referências frequentes à série principal escoram o filme quase totalmente ao saudosismo dos fãs de uma maneira até meio brega. Ainda assim, traz um novo respiro para a saga após tantos anos sem mais livros ou filmes.

18. Godzilla Minus One, de Takashi Yamazaki (16 Pontos)

Por Gabriel Ritter

Ainda que hajam diversas leituras hollywoodianas que já exploraram esse icônico kaiju, também há a impressão de que apenas suas versões japonesas compreendem todo o potencial avassalador e irracional do Godzilla, um ser cujo único propósito de existência é a destruição. Em Godzilla Minus One, a criatura-título não tem um arco de personagem próprio — e nem carece de um, uma vez que, convenhamos, se identificar com uma alegoria para os horrores da bomba atômica não é algo indispensável em um filme do tipo. Pelo contrário, uma série de fatores milimetricamente orquestrados contribuem para que jamais consideremos torcer pela vitória do antagonista: os protagonistas humanos têm personalidades próprias e distintas entre si; a obra se situa em um Japão que tenta desesperadamente lidar com as consequências irreversíveis da Segunda Guerra Mundial em seu território; e talvez aquele que considero o fator mais importante, a trilha musical é intensa e sabe chamar atenção para si, se valendo do peso dos metais para expressar a urgência de cada aparição do monstro e evitando as características de invisibilidade que parecem ter se tornado norma no cinema moderno, pontuando, assim, uma das obras mais imponentes de 2023.

17. Segredos de um Escândalo, de Todd Haynes (18 Pontos)

Por Lucas Mariotti

Todd Haynes retorna para as telas do cinema com um melodrama intensamente repressivo repleto de boas atuações e roteiro ácido. Natalie Portman, Julianne Moore e Charles Melton com seus respectivos personagens dúbios encaram temáticas complexas na trama, a qual brinca com o poder da representação em uma encenação pautada em constante opressão e obsessão, relembrando clássicos como Persona, de Ingmar Bergman. Os artifícios cinematográficos, seja pelo uso da fotografia com um zoom angustiante ou da trilha sonora estridente e exagerada, auxiliam na intensificação do desconforto das situações do trio protagonista, gerando momentos que conseguem balancear o trágico e o cômico do cotidiano dos seus personagens que estão constantemente se estudando e encenando um sujeito para a sociedade e para eles mesmos.

16. Afire, de Christian Petzold (23 Pontos)

Por Gabriel Ritter

É impossível fotografar uma pessoa observando o mar, e Christian Petzold constrói seu filme a partir dessa máxima. Dessa forma, o diretor compreende que só por meio da montagem, com o uso de planos e contraplanos, temos uma forma de estabelecer que figuras opostas se observem ignorando a presença de uma câmera entre si (uma premissa mentirosa em sua essência mas que, paradoxalmente, naturaliza o registro fotográfico). Assim, inferimos que as sensações dessas duas figuras hipotéticas que se encaram são construídas a partir da menor relação entre seus planos: o corte. Com a omissão de um contraplano, guarda-se a exposição de um dos envolvidos e estabelece-se a figura do voyeur, um ser que observa sem ser observado de volta. Afire, a partir de tais relações metalinguísticas, opta por se conduzir por meio de alegorias: seu desprezível protagonista, Leon, é o incêndio que ora parece inofensivo, ora se aproxima sem aviso, e a intrigante Nadja é o mar, atraindo para si o fascínio de inúmeros olhares dispostos a decifrá-la, ao passo que guarda sua natureza enigmática para mascarar suas intenções. No fim, a pergunta permanece: quem está observando quem?

15. Guardiões da Galáxia Vol. 3, de James Gunn (23 Pontos)

Por  Audrey Geromel

Guardiões da Galáxia vol.3 é tão bom quanto os anteriores, com movimentos de câmera ousados e uma fotografia bem feita que dão um charme especial para o filme, que é repleto de detalhes e sempre abusa de momentos engraçados, nos levando a uma montanha russa de emoções. A trilha sonora, como sempre, conduz muito bem o filme e completa as cenas de um jeito que só Guardiões da Galáxia sabe fazer, trazendo referências dos filmes anteriores e também tem aquele CGI bonitinho que a gente gosta.

O passado de Rocket é apresentado com profundidade e delicadeza, temos a chance de conhecer esse personagem tão querido mais a fundo, é um filme sobre amor e principalmente sobre amizade, sobre amigos que arriscam a vida uns pelos outros e a dinâmica do grupo com a Gamora é bem conduzida, divertido ver o desenvolvimento dela com os guardiões.

Um bom filme para uma Marvel que passou por tempos sombrios com alguns últimos lançamentos.

14. Passagens, de Ira Sachs (23 Pontos)

Por Gabriel Pinheiro

No filme dirigido por Ira Sachs, somos guiados pela narrativa que mostra a descida ao inferno de Thomas, um cineasta cujo egocentrismo permeia sua persona. Thomas, que é casado com Martin, começa um relacionamento amoroso com Agathe, catalisando um conjunto de mudanças na dinâmica interpessoal. Concomitantemente, Martin se envolve em um relacionamento extraconjugal, desencadeando transformações significativas no tecido das relações. Ao longo da narrativa, Thomas reorienta seu foco afetivo para o próprio cônjuge. Os desejos errantes e o temperamento volátil de Thomas, enquanto protagonista, encarnam a intrincada complexidade de um artista atormentado e de um ser humano em perpétua metamorfose. O filme adota uma abordagem naturalista e destituída de juízos de valor na exploração da sexualidade, configurando-se sob a perspectiva de um formato de slice-of-life. Ao imergirmos nos acontecimentos cotidianos dos personagens, somos confrontados com as imperfeições inerentes à condição humana, tornando-os tangíveis e, assim, estabelecendo uma ponte com a experiência universal.

13. Priscilla, de Sofia Coppola (24 Pontos)

Por Vinicius João 

O mais novo filme de Sofia Coppola nos revela um drama conjugal entre personalidades históricas: Elvis Presley e Priscilla Presley. Assim como Maestro (2023), a cinebiografia esmiuça a vida de seu biografado através da progressiva decadência de um matrimônio. 

Entre o barítono cínico de Elvis e os sussurros contidos de Priscilla, o filme nos apresenta uma relação de estrutura engessada desde o começo, fruto de uma depravação egóica do cantor, que praticamente seleciona a dedo a mulher que ele diz amar. E depois a enfeita, diz as cores que ela precisa vestir, em qual cercadinho ela deve ficar, o quanto ela deve desprezá-lo, o quanto ela precisa amá-lo, enfim. Se o longa de Coppola atinge algum êxito, é  no sufocar monótono de um sonho inventado, da indiferença dos espaços que são revisitados com solidão, da Priscilla como uma presença postiça, e da sensação de que a garota jogou dez anos de sua vida fora. No plano final, após o divórcio e ao desfecho da projeção, o espectador poderá pensar: “agora é que o filme deveria começar”. 

Vale mencionar o bom trabalho com a banda sonora, criativo e de certa forma sempre em uma espécie de diálogo subversivo com a discografia de Elvis. 

12. Os Rejeitados, de Alexander Payne (25 Pontos)

Por Lucas Mariotti

O cinema de Alexander Payne é muito fortemente memorável no cinema norte-americano contemporâneo pela articulação sagaz e criativa que o diretor faz com seus próprios roteiros. No seu mais novo lançamento, Payne reforça sua capacidade de criação de personagem e direção de atores ao extrair de intérpretes como Paul Giamatti e Da’Vine Joy Randolph o maior potencial possível para a entrega de uma comédia dramática precisa na sua abordagem formal clássica e setentista. A estética remetente a década de 1970, principalmente no período natalino, ajuda no sentimento de conforto ao longo do entrelaçamento da relação entre o protagonista rabugento e um jovem problemático, uma dinâmica já familiar entre os espectadores, mas que ganham um ar novo a partir da universalidade dos temas e na genuinidade das atuações desses personagens, que são tão agradáveis de acompanhar com seus arquétipos composicionais sendo testados e revigorados. 

11. Monster, de Hirokazu Koreeda (26 Pontos)

Por  Arthur Matsubara

O mais novo filme do Hirokazu Koreeda, Monster, ganhou o prêmio de melhor roteiro no festival de Cannes 2023, sendo o terceiro filme do diretor a ganhar um prêmio em Cannes em três anos consecutivos. A história é contada por meio de três pontos de vistas diferentes, mas não se baseando na visão do personagem sobre os acontecimentos, mas sim sobre o que os personagens sabiam, até determinado momento, sobre os ocorridos. Nesse sentido, ao decorrer do longa, com a troca de pontos de vista mais pistas, respostas e dúvidas vão surgindo para a questão central do filme, quem é o monstro? 

Mesmo assim, o filme não se prende nesse suspense e mistério do monstro, mas se estende até que cada personagem principal tenha um desenvolvimento complexo e, mesmo que suas histórias sejam concisas, as dificuldades enfrentadas por cada personagem revelam tanto os seus sentimentos, quanto o dos outros, em que esses sentimentos transcendem o próprio personagem e suas ações, mas, dependendo do ponto de vista do acontecimento, a iluminação e a composição de cena mudam, além de, claro, mudar a perspectiva do espectador sobre tal acontecimento.

O  Hirokazu Koreeda, mesmo não sendo o roteirista, consegue extrair ao máximo cada sutileza dos personagens para contar a história, com uma fotografia linda e atuações impecáveis, essa história desse suposto mistério se mostra muito mais do que a busca pelo monstro, mas de uma inocência reprimida por diversas parte da sociedade, abrindo discussões sobre as causas e consequências em uma sociedade tradicional como a do japão, mesmo que tais experiências sejam universais.

10. Saltburn, de Emerald Fennell (26 Pontos)

Por Audrey Geromel

Com um elenco impecável, Emerald traz em Saltburn propostas ousadas, com personagens intrigantes que conseguem sustentar uma estranheza tão bonita devido a sua fotografia deslumbrante e planos atraentes, o que acaba agradando alguns e perturbando outros, causando uma divisão de opiniões para quem assiste.

 Um filme que retrata a cobiça, luxúria com tanta verdade e cuidado dentro de um personagem confuso que não entende direito o que quer e até onde está disposto a ir pelo que deseja, causando destruição por onde passa, Oliver é com certeza um personagem complexo, pode não ser a melhor interpretação de Keoghan mas foi a cereja do bolo dentro dessa produção pois o ator se permitiu ousar, experimentar coisas novas e ir ao seu limite ao lado da diretora.

Apesar de não ser um filme incrível com roteiro impecável, vale a pena assistir, tem algumas referências malucas a Shakespeare e você pode gostar ou odiar, isso é o que torna o filme ainda mais intrigante.. 

9. Vidas Passadas, de Celine Song (32 Pontos)

Por Gabriel Pinheiro

No ótimo romance “Vidas Passadas”, a diretora Celine Song propõe um olhar sensível e bem articulado sobre a exploração dos diferentes afetos de um regime de sociabilidade como o da Coreia do Sul, regida pela forma neoliberal do capitalismo, onde os relacionamentos são subjetivados pela ideologia e são pensados pelas suas categorias pré-estabelecidas. O filme flerta constantemente com as variadas possibilidades afetivas, refletindo como a memória modula as sensibilidades da personagem principal. Além disso, aborda de maneira elegante as questões de imigração e adaptação cultural enfrentadas pela protagonista, uma imigrante sul-coreana nos Estados Unidos. A história semi-autobiográfica gira em torno de Nora Moon e Hae Sung que são amigos desde a infância. A narrativa abrange um período de 24 anos, durante o qual os personagens passam por diversas experiências e mudanças. Conforme envelhecem, suas vidas tomam caminhos diferentes, e eles começam a se afastar. Nesse processo vemos as variações na natureza do relacionamento entre os dois, como ele evolui ao longo do tempo e como eles lidam com  o fato de Nora Moon agora estar casada.

8. Homem-Aranha Através do Aranhaverso,  de Joaquim Dos Santos, Justin K. Thompson e Kemp Powers (35 Pontos)

Por Athos Rubim

Sendo uma das sequências mais aguardadas dos últimos tempos, as expectativas estavam altas para o retorno de Miles Morales às telonas. No filme anterior, Homem-Aranha no Aranhaverso, de 2018, os realizadores transformaram completamente o estado da animação moderna e além disso, entregaram uma das histórias mais bem contadas do clássico personagem. Estabelecendo uma personalidade extremamente característica, que se tornou muito reconhecida, para a franquia.

Em “Através do Aranhaverso”, os holofotes se distanciam um pouco de MIles, o protagonista da franquia, para dar espaço a outras pessoas-aranha, especialmente Gwen Stacy. No entanto, visando a próxima sequência, o roteiro acaba deixando um gancho ao final, que acaba cortando o filme em meio ao clímax. Este mecanismo, acaba prejudicando a experiência do espectador. O sentimento final é de que deixaram de finalizar o segundo para iniciar o terceiro.

A narrativa, infelizmente, não alcança o patamar estabelecido por seu antecessor, porém os artifícios técnicos da animação estão ainda melhores, algo que muitos pensavam ser impossível. É impressionante a forma como a personalidade de cada personagem é impressa em sua animação. E isso se torna uma conquista ainda maior pois o número de personagens no longa é arrebatador.

7. Clube da Luta para Meninas, de Emma Seligman (42 Pontos)

Por Athos Rubim

Após comandar o aclamado “Shiva Baby”, de 2020, a diretora Emma Seligman entrou no radar da cinefilia. Era esperado que seu retorno se assemelhasse com sua estreia, mas a jovem canadense surpreendeu a todos com “Clube da Luta para Meninas”, uma comédia como não se via há muitos anos.

Inspirando-se fortemente nas comédias de colegial dos anos 2000 como “Garotas Malvadas” e “Superbad”, o longa de Seligman subverte alguns tropos centrais do gênero, atualizando-o de forma crítica e atual.

A história gira em torno de duas amigas, PJ e Josie, que criam um clube de luta para perder a virgindade, mas diferente dos filmes em que a diretora se inspira, as duas são lésbicas, algo impensável para os anos 2000. Seligman também muda toda a dinâmica clássica entre os jogadores de futebol e as líderes de torcida Em seu filme, os personagens “frágeis” e vingativos, que criam intrigas na escola inteira, não são as garotas, mas sim os garotos, trazendo uma ótima comicidade para a tela.

Seligman, em seu retorno, não entregou exatamente o que era esperado dela, mas trouxe algo diferente e talvez ainda melhor. Provando que ela não se deixa ser refém das expectativas do público ou da crítica e pode construir bons filmes tanto em drama quanto em comédia.

6. Oppenheimer, de Christopher Nolan (47 Pontos)

Por Fernanda Carbonera

O último grande lançamento do diretor Christopher Nolan, “Oppenheimer” é um épico histórico de drama lançado nos cinemas em julho de 2023. A obra retrata a notável trajetória do físico J. Robert Oppenheimer, conhecido como o “pai da bomba atômica”. O elenco é impecável, contando com Cillian Murphy (renomado por seu papel em “Peaky Blinders”) assume o papel de Oppenheimer, ao lado de astros como Matt Damon, conhecido por “Perdido em Marte”, e Emily Blunt, protagonista de “Um Lugar Silencioso”. 

A produção de Nolan se destacou por vários aspectos, especialmente por ser filmada no formato IMAX em película 70mm, uma realização que só pôde ser exibida da maneira original em 30 salas em todo o mundo, mantendo assim essa ótima qualidade de imagem.

A narrativa é baseada em um livro biográfico vencedor do Prêmio Pulitzer, oferecendo uma visão aprofundada da vida e das complexidades morais enfrentadas por Oppenheimer no desenvolvimento da bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial. O filme se distingue não apenas pela narrativa envolvente, mas também pela trilha sonora notável, caracterizada pelo uso inteligente do som, e por uma cinematografia deslumbrante que eleva a experiência visual.

5. Mato Seco em Chamas, de Adirley Queirós e Joana Pimenta (48 Pontos)

Por Henrique Cremonezzi

Com a descoberta de um poço de petróleo na região de Sol Nascente e a ameaça do conservadorismo brasileiro em eleger a extrema-direita, a articulação de Chitara e de sua irmã se mostra como um exercício político. Nesse cenário de ficção e não-ficção construído por Adirley Queirós e Joana Pimenta, é dado espaço a essas mulheres invisibilizadas, de forma que a própria atriz/personagem perceba o quão importante é valorizar e reconhecer sua própria história.

E a partir de uma linguagem que aprecia os longos planos e expõe as personagens nessa linha entre o que é real e o que não é, “Mato Seco em Chamas” aproxima o espectador da relação entre as duas irmãs e estabelece um sentimento ímpar de humanidade.

4. Retratos Fantasmas, de Kleber Mendonça Filho (50 Pontos)

Por Victoria Ribeiro

Escolhido como representante do Brasil na disputa por uma vaga na categoria de melhor filme internacional no Oscar 2024, Retratos Fantasmas de Kleber Mendonça Filho se estabelece como uma verdadeira sacralização dos espaços e do cinema. Através de imagens de arquivo e materiais recentemente gravados, o filme traz como personagem vivo o centro da cidade de Recife, contando sua história de forma saudosista a partir de uma perspectiva íntima do realizador, que vai do pessoal ao coletivo, do micro ao macro, desde o apartamento de sua mãe até os cinemas de rua da região. Apesar de ser um filme extremamente particular de KMF, Retratos Fantasmas não cai em um clichê presunçoso sobre a própria história. É um filme sobre muitas coisas ao mesmo tempo. Sobre esquecimento, sobre espaços e sobre como estes afetaram a vivência e trajetória do diretor. Mas não é sobre metodologia, é sobre amor. Retratos Fantasmas é uma verdadeira carta de amor às memórias, ao cinema e, principalmente, à cidade de Recife.

3. Anatomia de uma Queda, Justine Triet (54 Pontos)

Por Luís Gongra

Um pequeno momento no tempo, no qual um crime aconteceu, mas que não há praticamente nenhuma testemunha. Portanto, os depoimentos precisam ser analisados detalhadamente, a cena precisa ser reencenada, precisa ser gravada, o crime tem que ser reproduzido com um boneco no mundo real, em 3D no computador. Uma gravação surge, precisa-se estudar tudo o que vem dela, imaginar o que os sons dela significam. O passado das personagens também precisa ser analisado, a relação pessoal delas, até os livros que a protagonista escreve entram como “evidências” – justamente por não haver provas suficientes. Portanto, a especulação é o que rege essa investigação. Anatomia de uma Queda é muito mais um estudo sobre esses personagens do que um murder mystery, e isso torna toda a especulação mais impactante. No fim, o que Justine Triet faz não é nos fazer questionar sobre a verdade do crime, e sim sobre quem é Sandra Voyter, assim como a entrevistadora da primeira cena. Terminamos o filme e não sabemos.

2. Barbie, de Greta Gerwig (77 Pontos)

Por Nycolle Barbosa

A diretora-escritora, Greta Gerwig (Adoráveis Mulheres), dá um toque descontraído ao subverter mais um ícone cultural: Barbie precisa decidir entre deixar seu mundo de fantasia e encarar a realidade. É claro que, embora seja impossível para qualquer filme de grandes estúdios ser verdadeiramente subversivo, especialmente quando o capitalismo percebeu que o “consumo consciente” gera lucro, Barbie ultrapassa alguns limites – mais do que se imaginaria. Gerwig consegue deixar sua marca de forma bem-sucedida e extrair temas profundos de uma estrutura dominada por homens, mas os sacrifícios para a história são evidentes. 

Com uma mensagem feminista dispersa e a conclusão emocional – que se você não estiver devidamente imerso na atmosfera do filme de “we can do it” pode soar sem impacto – são indícios de que, em última análise, o filme serve a uma marca. Ainda assim, Barbie é uma das grandes estreias de 2023, oferecendo uma reconexão e outra visão – feminista e empática – para a boneca mais conhecida do mundo.

1. Assassinos da Lua das Flores, de Martin Scorsese (78 Pontos) 

Por Luís Gongra

Deve ser o filme mais violento do Scorsese. Não por uma violência gráfica, mas justamente por ser tão sóbria e direta, frontal e até minimalista. Os Osage são dilacerados, esquartejados, mortos e pronto. Dá pra sentir o peso de cada morte de uma forma muito intensa, real, sem precisar de um exagero violento. O peso vem justamente da simplicidade com que essas atrocidades são filmadas. Assim como O Irlandês (2019), é um filme de um protagonista passivamente mal. O Scorsese comenta sobre como os homens brancos da época estão inseridos num contexto em que apenas seguem as ordens, sem questionar de forma alguma. Ernest, por exemplo, começa a assassinar a própria esposa simplesmente porque ele não consegue dizer não pro chefe, ele precisa seguir as ordens e as tradições. E a culpa do personagem (e que o filme carrega, por se tratar de seu ponto de vista) vem justamente dele preferir seguir as ordens sem pudor, ou escondendo seu pudor internamente. A cena da explosão é bem representativa disso, o Ernest sofre por ver Molly sofrendo, mas ainda assim ele insiste em seguir o plano. É de uma complexidade impressionante, que poucos cineastas têm a capacidade de criar. Terminar Assassinos da Lua das Flores com o próprio diretor revelando o que ocorreu e a omissão dos assassinatos é uma ótima forma de metalinguagem, que denuncia a injustiça e demonstra os temas do filme.

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