Repensando Clara (Danilo Godoy, Senac, 2009)

O curta-metragem conta a história de Adriana “uma documentarista que, ao iniciar as gravações de seu novo curta-metragem documental sobre o primeiro momento em que as pessoas se conhecem, percebe que este tema na verdade é muito mais complexo do que imaginava”.


Entrevista com Danilo Godoy sobre Repensando Clara (2009).

Por Marcelo Félix e Fernanda Sales*

1) Qual foi o exercício proposto para a realização desse curta metragem, qual o material levantado em suas pesquisas para o projeto e quais os meios disponíveis na universidade para a sua execução?

A cada semestre, no curso de Bacharelado em Audiovisual do Centro Universitário Senac, os alunos têm que apresentar no final um projeto prático. Começamos no primeiro semestre com um exercício de filmagem simples, em apenas uma diária, no qual grupos de aproximadamente oito pessoas são formados para realizar um vídeo de até 2 minutos, em preto e branco sem ter nenhum diálogo. Estas são as restrições.

No segundo semestre estamos envolvidos com o exercício chamado “rodízio” que consiste numa atividade onde, cada grupo de aproximadamente oito pessoas, realiza uma série de vídeos onde é necessário exercer todas as principais funções cinematográficas: Direção, Produção, Direção de arte, Direção de fotografia, Montagem, captação e edição de som e assistência de direção, sendo assim, no final cada grupo terá realizado oito vídeos, por exemplo, onde cada pessoa pode exercer uma função diferente em cada vídeo.

O terceiro semestre é o que dá espaço para a realização de um curta-metragem com uma equipe única, no qual ai sim cada pessoa, durante seis meses será responsável por uma única função.

O curta Repensando Clara foi nosso exercício de terceiro semestre na faculdade, como fechamento de um ciclo de um ano e meio que tivemos dedicado a estudos de “cinema-ficção”. Porém para a realização de Repensando Clara tivemos que passar por uma banca (pitching), no final de nosso primeiro ano.

No projeto pedagógico de nosso curso sempre planejamos um projeto para ser avaliado num pitching de final de semestre, e caso o projeto passe ele será realizado no outro semestre.

Durante nosso segundo semestre eu e dois amigos, Alexandre Escanfella e Luisa Cassab, nos reunimos para começar a bolar nosso projeto para o pitching, escrevemos o roteiro e todas as concepções estéticas, arte, fotografia, som etc., assim como uma proposta de direção e produção.

A pesquisa para esse curta se deu principalmente a partir de uma curiosidade do grupo (Eu, Alexandre e Luisa a princípio) a respeito da metalinguagem no cinema. Estávamos muito impressionados na época com o filme Jogo de Cena (2007) de Eduardo Coutinho e queríamos explorar essas relações entre atores e personagens. Fizemos uma visita, antes de apresentarmos o projeto, a escola de teatro Célia Helena onde entrevistamos uma série de atores a respeito de suas relações com a profissão, casos e histórias sobre personagens que haviam interpretado.

Além dessas entrevistas tínhamos em mãos uma série de filmes que lidavam com questões metalinguísticas, como o filme Adaptação (2002) de Spike Jonze e Full Frontal (2002) de Steven Soderbergh.

Com nosso projeto aprovado fomos atrás de outros amigos e colegas de sala que estariam dispostos a trabalhar conosco e formamos nossa equipe para filmar no próximo semestre.

Todos os equipamentos (cabeças de luz, microfones, travellings, computadores para edição de imagem e som etc.) que utilizamos foram do Senac e utilizamos a câmera HVX200 da Panasonic.

Existem internamente na faculdade algumas normas a respeito de retirada de equipamentos, que devem sempre ser feitas com antecedência, e a cada semestre podemos utilizar câmeras mais sofisticadas, começamos utilizando pequenas Handycams e ao longo dos anos vamos aperfeiçoando nossa técnica e utilizando câmeras como a Z1 da Sony ou a EX3 da Sony. Sempre utilizamos câmeras digitais, com exceção de um exercício no 7º semestre onde utilizamos uma câmera de película 35mm.

2) Como foi escrever uma ficção sobre um documentário? Existia, por acaso, a idéia do Reconhecer antes mesmo do Repensando Clara?

Tudo começou com o Wagner Moura. Pode parecer estranho, mas a verdadeira origem do curta Repensando Clara está numa entrevista que vi um dia com o ator Wagner Moura e durante todo o programa, enquanto eu assistia, estava pensando: “esse cara parece ser muito gente boa, como deve ser conhecer ele? Mas será que eu vou conhecer o ator Wagner Moura ou a pessoa Wagner Moura? Quem de fato conhecemos?” Todas essas indagações vieram muito antes de termos definido que escreveríamos uma ficção sobre um documentário.

A questão do documentário veio a partir de nossa personagem Adriana, alguém em busca de entender como as pessoas se conhecem, e para esse seu mundo o “ser documentarista” cabia feito uma luva, primeiro pelo caráter investigativo, de querer ir atrás de uma resposta ou uma verdade, mesmo que ela não exista e segundo pela relação intrínseca que o documentário tem com as palavras “ficção” e “verdade”.

A idéia do filme Reconhecer é uma ficção, é uma idéia para a personagem Adriana. Que por sua vez, é uma idéia do diretor deste filme realmente, que aparece em cena ensaiando algumas falas com a Clara. É todo um jogo de colocar relações metalinguísticas entre os próprios personagens e os personagens de seus personagens. Confuso? Imagine como eram nossas reuniões de roteiro…

Nós, roteiristas do curta, nunca pensamos em realizar o Reconhecer, pois esse filme não é nosso. Nosso filme é o Repensando Clara. O Reconhecer é de fato a ficção que Clara vive, interpretando Adriana, que está sim está envolta em um documentário cujo nome, na verdade não sabemos, pois ele nunca foi dito.

Escrever uma ficção sobre um documentário é escrever ficção. A idéia por trás do conceito de “documentário” vem como um artifício que brinca justamente com esses termos. Seria mais ou menos perguntar a Orson Welles o que é de fato falso em seu filme F for Fake (1973)? Ou perguntar aos personagens de Cópia Fiel (2010) de Abbas Kiarostami o que é de fato original e cópia?

Podemos buscar respostas para essas questões, mas colocá-las em cheque abre um leque de bilhões de outros questionamentos que tornam essa discussão infinita.


3) Fale um pouco sobre a direção de atores para esse filme. A Renata Admiral interpreta a Renata e a Clara Segall que, por sua vez, interpreta a Adriana. Como foi dirigir essa complexa rede de personagens? E os entrevistados para o documentário fictício Reconhecer, alguns eram intérpretes e outros não, como foi trabalhar com isso?

A parte mais interessante, a meu ver, na direção de atores para esse curta não foi pensar em como seria a Clara ou como seria a Adriana. O interessante do trabalho que tive com a atriz Renata Admiral foi como construir a personagem da Adriana através dos olhos da personagem Clara.

Nós funcionamos como camadas, como personas. Da mesma forma que falamos com nossos amigos de uma forma, com nossa família de outra, e com pessoas importantes ou formais de outra forma, tentei trabalhar com a Renata desse jeito, descobrindo as personas de cada personagem, e esse foi um exercício que torceu um pouco nossos miolos sim, mas que foi uma experiência muito interessante.

Nos extras do filme Full Frontal existe uma seção de entrevistas com os personagens do filme, e o vídeo da personagem Francesca, que interpreta Catherine, que na verdade é a atriz Julia Roberts é uma pérola genial. Em determinado momento o diretor começa a perguntar para a personagem Francesca a respeito do Oscar que ganhou, sendo que a personagem nunca ganhou nenhum Oscar, mas Julia Roberts sim, e ela simplesmente trava, completamente confusa de quem ela está sendo naquele momento. Este vídeo é primoroso, em minha opinião ele é de longe, muito melhor do que o filme em si.
Engraçado você perguntar sobre o “documentário fictício” Reconhecer, quando na verdade ele não seria uma “ficção documental”? Se é a atriz Clara sentada ali em frente ao pôster do filme ela está numa ficção, e a Adriana está num documentário? Ai que está. Não. A Adriana também está numa ficção, porém ela vive num processo de realização de um documentário. Confuso? Mais uma vez peço pra vocês imaginarem como eram nossas reuniões, vários esquemas para fazer a equipe inteira se encontrar nessa complexa rede. Mas o mais divertido dela é justamente chegar ao ponto onde não se sabe mais, o que é uma coisa e o que é outra.

Esse foi mais ou menos o propósito das entrevistas com pessoas e intérpretes, e isso admito que vem da minha admiração completa pelo trabalho de Eduardo Coutinho, que a cada filme consegue me deixar de cabelos em pé!

O interessante de trabalhar com esses entrevistados foi poder brincar na hora da montagem: o que aparenta falso? O que aparenta verdadeiro? E depois perguntar para diferentes pessoas e ver suas opiniões, cada uma se indagando e entrando nesse complexo “jogo de cena”.

4) Se “todo mundo é um personagem quando fala para câmera”, então estamos sempre documentando a vida dos personagens de cada pessoa? É possível sair desse círculo vicioso e alcançar a intimidade das pessoas com o documentário?

Olha, eu acredito que estamos entrevistando não personagens necessariamente, mas com certeza estamos entrevistando personas. E muito dificilmente estamos entrevistando a pessoa. Com a câmera ligada ninguém é “você mesmo”.

Eu acredito que é possível sim alcançar alguma intimidade com o documentário. Santo Forte (1999) de Eduardo Coutinho me passa completamente essa sensação, de que Coutinho entrou nas entranhas das memórias e dos sentimentos daquelas, não mais pessoas, e sim personagens. Eu acredito que Coutinho conheceu lá, no processo de filmagem, quem eram aquelas pessoas, mas nós, espectadores, não conhecemos aquelas pessoas, nós conhecemos seus personagens, que Coutinho montou daquela forma específica pois era aquele tipo de personagem que interessava para seu filme, e eram esses personagens que ele queria que os espectadores vissem.

Nessa entrevista aqui, vocês acham que estão conhecendo quem? O Danilo pessoa, o Danilo persona ou o Danilo personagem? Nós não somos seres únicos, somos diversos. E essa é uma questão que eu acho interessantíssima em filmes que lidam com a metalinguagem no cinema. Dentro de um filme podem existir vários filmes, porém dentro de uma pessoa existe uma infinidade de personas e personagens que podem ser observadas e provocadas.

5) O curta foi selecionado para diversos festivais e mostras**. Como foi a recepção do curta pelo público? Em sua opinião, o resultado final satisfez o que inicialmente havia se proposto no projeto do curta?

A recepção do público foi bem legal. O questionamento de “ah, então era um filme dentro de um filme dentro de um filme?” sempre gerou questões maiores a respeito não apenas destes personagens do Repensando Clara, mas a respeito dessa metalinguagem no cinema, como ela é tratada em Synecdoche, New York (2009), de Charlie Kaufman, ou até A Noite Americana (1973) de François Truffaut. Existe sempre um encantamento do público em histórias em que você é “enganado” mais de uma vez. A primeira vista nem tudo é o que parece.

Inicialmente, com apenas o roteiro em mãos, eu tinha muito medo de que certas coisas não ficassem claras para o espectador. Gosto muito de uma frase da professora e montadora Vânia Debs, que diz: quando se faz um filme na verdade se faz três filmes: um quando se escreve o roteiro, outro quando se filma, e outro quando se monta. E acredito que no final de cada uma dessas etapas a equipe estava satisfeita com o resultado, o curta finalizado estava com tudo o que pretendíamos, a compreensão da história fica por conta dos espectadores, juntar as peças do quebra cabeça pode acontecer de diversas formas, porém todas as peças que queríamos estão lá.

Hoje em dia é engraçado ver o curta de novo, vejo inúmeras falhas, fico me perguntando um milhão de vezes: “mas por que mesmo que a gente filmou desse jeito?”. O bom de fazer um curso de audiovisual é que de tempos em tempos quando se volta para os trabalhos realizados anteriormente, comparando com o que você está fazendo no momento, é muito perceptível seu próprio amadurecimento, tanto em questões técnicas mas principalmente a respeito da linguagem cinematográfica.

6) Quais as diferenças de um projeto do início do curso, como Repensando Clara, para projetos de outros anos? O que muda em relação às propostas e os desafios enfrentados durante o processo de realização dos curtas?

Como o curso no SENAC possibilita exercícios em todos os semestres é perceptível nosso amadurecimento após cada fase. Sempre trabalhei, mais ou menos, com uma mesma equipe, desde o segundo semestre da faculdade nós nos achamos, cada um já voltado para uma função específica e vimos que conseguíamos trabalhar muito bem em grupo. No ano passado finalizamos um documentário R-33 que foi uma experiência completamente diferente do Repensando Clara, com parte da mesma equipe.

As aulas foram nos guiando de tal forma que toda uma idéia que nós tínhamos, a respeito de nosso tema, que era o comportamento das pessoas no trânsito, se transformou em uma experiência sensorial, um documentário completamente experimental que exigiu da equipe inteira uma “abertura de olhar”. Conscientemente tínhamos na cabeça que no próximo ano faríamos no TCC um curta-metragem de ficção, então essa era a época de realmente experimentar o que quiséssemos, sem medo e sem ficar preso.

Cada processo em cada exercício é diferente, a bagagem de informações em cada um é maior do que o anterior e isso só te deixa mais animado para fazer o próximo e o próximo depois desse.

Eu acredito que as principais diferenças em cada projeto vêm de você. A cada projeto você é uma outra pessoa, com outras questões da cabeça, ou questões mais elaboradas e os argumentos que você tem são cada vez mais amplos e te possibilitam racionalizar coisas que antes você não racionalizava.

Um exemplo concreto disso, em relação ao Repensando Clara e outros projetos mais tarde é, por exemplo, quando gravamos aquela última cena, no estúdio, em que a câmera faz um longo travelling out. Na época fizemos aquela cena daquele jeito pois parecia uma forma “legal” de filmar. Hoje em dia, o uso de um travelling in ou out tem uma razão bem mais significativa e justificada do que algo “legal”. Pode parecer um exemplo bobo, mas para mim foi bem importante, entender que coisas que tínhamos filmado no começo da faculdade eram filmadas sem um conhecimento que só teríamos adquirido tempo depois.

Fazendo uma analogia com música, seria mais ou menos quando se aprende a tocar violão. Você pode decorar os movimentos de seus dedos nas cordas e tocar qualquer música, porém a compreensão dos acordes e de cada nota te proporciona um entendimento do que você está fazendo e o porquê é feito daquela forma.

Cada proposta de exercício no SENAC exige mais de você em todos os aspectos, estamos cada vez mais familiarizados com esse mundo e com essa linguagem, então o caráter dos professores ao avaliarem os projetos também muda, a discussão sempre tende a um nível superior em cada semestre, o que reformula nosso senso crítico também, nossa auto-avaliação como diretor, fotografo, produtor etc., e como equipe, pois não é possível fazer um filme sozinho. Este é um desafio muito grande sempre. Trabalhar em grupo não é fácil, ainda mais quando estamos lidando com as mesmas pessoas durante um ano, com uma única história. Mas este é um dos melhores trabalhos em contrapartida, pois ele te da a segurança de que você conhece mais as pessoas, sabe como elas trabalham e como é possível extrair de cada um o seu melhor, para que o trabalho final reflita tudo isso.

Deste grupo surgiu um nome, 5 minutos de filme, que estamos utilizando desde então sempre quando a equipe trabalha junto. Além de trabalhos da faculdade também já realizamos outros vídeos para fora, como o Som de Berlim exibido no Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, entre outros, desde curtas para celular até paródias de clipes musicais.

7) Em qual projeto você está envolvido agora e quais as suas intenções em relação a sua carreira após a faculdade?

Em 2011 estou realizando, com a equipe da 5 minutos de filme, nosso Trabalho de Conclusão de Curso, que será um curta-metragem de ficção. Resquícios contará a história de Theo, um homem que se encontra sozinho em sua casa, envolto por culpa e suas memórias, atormentado pela morte do filho.

Estamos nesse momento na pré-produção do curta que será filmado em agosto, já estamos com o elenco fechado e este mês estamos no período de ensaios, fechamento de locação e em busca de patrocínios e apoios. Criamos um blog: http://5minutosdefilme.wordpress.com onde é possível acompanhar nosso projeto e nosso processo. Além deste projeto acadêmico estou envolvido como estagiário de direção na produtora Killers (www.killers.biz) em São Paulo.

Em relação a minha carreira após a faculdade tenho muitos sonhos, porém o caminho para eles ainda é muito incerto. Eu tenho uma parte muito voltada para a prática, sets de filmagem e toda essa energia, porém eu também tenho uma parte voltada para a academia, já realizei dois projetos de Iniciação Científica na faculdade e sou muito interessado em pesquisas a respeito do estilo de diretores de cinema específicos.

O maior sonho seria aliar essas duas questões. Gostaria de estar envolvido com direção nos próximos anos, porém sei que não é logo como diretor que irei começar, me interesso pela área de assistente de direção, roteiro e montagem.

Neste ano o foco está neste TCC. Tento pensar como será o ano que vem sem a faculdade, mas parece um mundo tão distante, quando na verdade ele está mais próximo do que imagino. Ao fechar este ciclo, de quatro anos de curso, pretendo, com certeza, não sair desse mundo audiovisual/cinematográfico nunca, foi paixão a primeira vista.

*Marcelo Félix e Fernanda Sales são graduandos do Curso de Imagem e Som da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e editores da RUA.

**Festivais e mostras:
Selecionado para o 17º Gramado Cine Vídeo 2009
Selecionado para a Mostra Competitiva do III Festival Curta Cabo Frio
Selecionado para a Mostra Competitiva no 5º Festival de Jovens Realizadores do Mercosul
Selecionado para a Mostra Competitiva no 1° Festival de Cinema de Ribeirão Pires
Selecionado para o 17° Festvídeo – Festival de Vídeo de Teresina

Créditos – Repensando Clara:
Equipe
Direção: Danilo Godoy
Roteiro: Alexandre Escanfella, Danilo Godoy e Luisa Cassab
Direção de Produção: Fernanda Moura, Grace Iwashita e Ricardo De Carol
Direção de Fotografia: Alexandre Escanfella
Assistente de Fotografia: Fabrício Mendieta
Direção de Arte: Luisa Cassab e Juliana Santos
Assistente de Direção: Larissa Spada
Montagem e Continuidade: Gustavo Lucciola
Som Direto e Desenho de Som: André Libério
Finalização e Animação: Alexandre Escanfella
Trilha Sonora Original: Bernardo Pacheco

Elenco
Clara/Adriana: Renata Admiral
Rodrigo: André Abramo
Gabriela: Yara Bergantini
Felipe: Leonardo Cônego
Jornalista: Mara Deschamps
Homem do quibe: / Boom Man: Fernando Di
Thomas Pacheco: Márcio Gois Navarro
João: Carlos Henrique
Henrique: João Luis
Juliana Toledo: Julia Mafra
Namorado de Adriana: Heitor Passareli
Assistente no Estúdio: Carol Rangel
Aline: Juliana Segala

Author Image

RUA

RUA - Revista Universitária do Audiovisual

More Posts

RUA

RUA - Revista Universitária do Audiovisual

Deixe uma resposta