Restauração digital em curtas-metragens

Mario Finotti Silva possui graduação em Publicidade e propaganda pela Universidade Anhembi Morumbi (1994). Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Artes do Vídeo. Na Teleimage/Casablanca finalizadora de propaganda e cinema. Filmes em que trabalhei, com efeito 3D ou composição são: – Muito Gelo E Dois Dedos D’Água (2006) – Maior Amor do Mundo, O (2006) – Irma Vap – O Retorno (2006) – Se Eu Fosse Você (2006), Eliana em O Segredo dos Golfinhos (2005) – JK – Bela Noite Para Voar (2005) – Xuxa E o Tesouro da Cidade Perdida (2004) – A Dona da História (2004) – Macunaíma (Digital Restoration Supervisor) (2002) – Pelé – O Eterno (Digital Restoration Supervisor) (2002-2004). http://www.imdb.com/name/nm2522066/ Atualmente atuando na área de 3D dentro da Universidade de São Paulo P3D – Tecnologia da Imagem – IPEN – CEITEC – USP

Quando fazer e o porque.

Quando se fala em restauração logo pensamos em pincéis, tinta, removedores e um monte de fotos para usar como referencia das obras a serem executadas. No caso da restauração de filme em película se foge muito do tradicional salvo as limitações pré-existentes. Quando se pensa em digitalizar um filme de película é porque muita coisa já se perdeu ou está prestes a acontecer e no caso do acervo em questão não foi diferente.

No presente artigo irei apresentar como foi tratado a restauração digital de dois curtas-metragens de Joaquim Pedro de Andrade, do acervo “Filmes do Serro” de propriedade dos herdeiros do autor.

Na restauração da obra de Joaquim Pedro houve comparação de diferentes matrizes (cópias, negativo original de imagem e som e inter-negativo), contagem de fotogramas e elaboração de lista de compensação de fotogramas na Cinemateca Brasileira; lavagem e preparação das matrizes escolhidas para o trabalho.

Preparação de cópia de preservação com fotogramas compensados e sincronismo original para geração de beta de referência. Uma montagem do negativo original de imagem e cópia que compõem o filme completo é gravada em fita Beta e respeitando o sincronismo original – esta será a referência para toda a restauração de som e imagem.

Algumas particularidades foram detectadas bem no começo da restauração. O filme não estava completo. Logo foi necessária a vinda de uma cópia depositada na Cinemateca Francesa para completar partes faltantes do negativo original de imagem. Após as imagens serem digitalizadas, foram distribuídos aos restauradores da seguinte forma: em um primeiro momento foram separadas por rolos e depois por cenas. Dependendo do tamanho da cena esta vinha a ser dividida a mais de duas ou três pessoas. Foram encontrados nos filmes diversos tipos de deformidades, entre elas, sujeiras, riscos, cortes, dobras e defeitos de toda espécie. O filme todo foi restaurado quadro a quadro. Uma das principais dificuldades encontrada na restauração foram manchas provenientes de fungos que se proliferaram sobre a imagem do mar azul (seqüência filmada em Paquetá) e um risco contínuo na emulsão ao longo de todo o filme VEREDA TROPICAL.

Curta Vereda Tropical, de Joaquim Pedro de Andrade
Curta "Vereda Tropical", de Joaquim Pedro de Andrade

Ao final da restauração das cenas as mesmas eram revistas e feitas correções de luz e grão da própria película para deixar o mais original possível. Trabalho árduo, mas gratificante. As cenas eram remontadas digitalmente e colocadas nos arquivos dos devidos rolos. Tanto para backup de material quanto para remontagem do filme. Haviam cenas que precisavam ser totalmente refeitas e como os artistas de restauração estavam aptos a realização da tarefa o final do filme não poderia ser melhor. Foi feito uma Projeção digital em sala de cinema para aprovação final da restauração. Alguns problemas de som e de fotogramas repetidos ainda foram reprovados. Uma vez aprovado o material é gravada em matriz HD, fita beta digital e em fitas SAIT.

A restauração quando aprovada passa por processo de arquivamento e saída final com ressalva para as cenas iniciais que deverão passar no software Lustre com o objetivo de reduzir a saturação da cor vermelha. Fica decidido que o método ideal para garantir o resultado final do trabalho é a realização de testes de transfer para película a cada conclusão de restauro.

Como podemos observar neste artigo todo processo dispões de meio digitais, manuais e havendo uso de softwares dedicados.

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