CRÍTICA | Divertidamente 2 (2024), Kelsey Mann

Por Miguel Carreto

Redação RUA

Entre os diversos lançamentos da Pixar durante essa menos-que-meia década, o estúdio parece que se voltou para a originalidade, abandonando um pouco do que pautou a empresa de animação na segunda metade dos anos 2010, as sequências e spin-offs. Por mais que Lightyear (2022) e Divertidamente 2 (2024) tenham sido lançamentos expressivos, as continuações  e expansões de franquias têm de fato sido a minoria.

Ainda, o lançamento de Divertidamente 2 parece até agora ser o grande destaque da Pixar dos últimos anos, com um enorme sucesso de bilheteria e gerando uma espécie de “febre” em relação ao filme. É possível ver inúmeras ilustrações, vídeos editados chamados de “fancams” e no geral um grande influxo de comentário sobre os personagens novos e velhos.

Já o enredo do filme, em si, expande onde o antecessor havia parado, acompanhando Riley durante o início de sua puberdade aos 13 anos de idade, 4 anos diegéticos após o filme anterior. Essa mudança corporal introduz uma mudança no ambiente do “quartel general” dentro da cabeça da garota e cinco novas emoções para interagirem com as clássicas apresentadas no primeiro longa.

 O conflito principal se dá quando Ansiedade, uma dessas novas emoções trazidas com a puberdade, toma o controle para si do console que comanda a recém-adolescente e expulsa Alegria e seus colegas de trabalho de longa data para fora da sala de comando, levando-os a explorar a cabeça de Riley, bem como no primeiro filme. 

 Por mais que o espaço percorrido seja similar, a presença de Nojinho, Raiva  e Medo no lugar de Tristeza, além das visitas a outros locais não pré-estabelecidos, faz com que o filme não se passe por mais do mesmo, mas sim como uma revisita a partir de um olhar diferente, o que faz com que não caia na mesmice ou na repetitividade.

 A introdução das novas emoções como antagonistas e de outros personagens que são encontrados ao longo do caminho, assim como o melhor aproveitamento de Nojinho, Raiva e Medo, faz a narrativa se destacar positivamente do primeiro, e manter-se coerente com relação ao fato de ser uma continuação, Alegria ainda passa por dificuldades, mas certamente cresceu desde sua última aventura e isso é visível na forma com que trata Tristeza e percebe seus erros de forma mais rápida e precisa durante o clímax.

 O plano de Ansiedade e a forma como ele vai sendo executado traz um fator de relação entre espectador e narrativa, mas ao final, mesmo que tenso, o que está em jogo é muito menos do que no ápice do conflito do primeiro filme, o que faz com que seja mais difícil de sentir tanto quanto da primeira vez. Entretanto, parte disso é compensado com a apresentação desesperadora e intrigante do que ocorre quando a ansiedade toma conta e seu senso de si não passa de “Não sou o suficiente”.

Há pouco tempo, circularam fotos tiradas durante sessões do filme com a legenda “fun mind 2” e por mais que seja bobo ver e rir do erro, já que o nome original do filme é “Inside Out 2”, serve para pensar como ambas as descrições titulares parecem certas.

Inside Out traduz diretamente para algo como “de dentro pra fora”, que é como o longa pode ser visto, um visão de dentro para o mundo exterior de como (por forma de analogia, claro) as emoções se comportam e o cérebro parece operar, existem diversos vídeos na internet de psicólogos comentando sobre o primeiro filme e o que pode se aprender dele.

Por outro lado, “Divertidamente” encapsula bem e denota sobre o que é tudo isso afinal, uma visão divertida da mente de alguém que passa por problemas comuns a muitos, o que traz certa leveza e, juntamente com os designs comercializáveis e cores vibrantes garante o tom de filme um filme para toda a família, e bem, para todo mercado.

REFERÊNCIAS

Divertidamente. Kelsey Mann. EUA, 2024, 97 min., cor.

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