Por Fernanda Sales, Jéssica Agostinho, Thiago Jacot e Marcelo Félix*
Oficina de Crítica com Franthiesco Ballerini
Crítica Cinematográfica, com Franthiesco Ballerini, é tema da oficina de número 1 da SUA 2012, em Brasília. Franthiesco exerceu a função de repórter e crítico cinematográfico. Foi correspondente internacional e colaborou com diversas revistas, incluindo a Bravo! Atualmente, é professor e coordenador de Cursos Livres da Academia Internacional de Cinema. A oficina foi divida em tópicos, entre teóricos e práticos. Primeiramente, o professor abordou a visão de cultura de Pierre Bordieu, filósofo francês, autor de livros como: Sobre a Televisão, O poder simbólico e As Regras da Arte, recomendados para leitura, essencialmente. Posteriormente, foi feito um breve panorama histórico sobre a crítica no mundo. O ofício de crítico foi discutido pensando nas suas pautas pertinentes, fundamentos e erros recorrentes. Partindo para a parte prática, o crítico sugeriu um exercício de leitura de críticas. Após, seria feito um, no qual, alunos escreveriam críticas de produtos audiovisuais recentes. O trabalho da crítica cinematográfica na contemporaneidade sofre constantes reflexões acerca de seu papel. Há o advento da internet para subverter a clássica crítica dos periódicos impressos e transformar conceitos. Todo mundo pode ser crítico? Quais os novos locais de veiculação deste material? Uma oficina desta natureza na SUA, demostra a preocupação dos alunos e profissionais de audiovisual na formação crítica e análise dos trabalhos que lhes são próprios da área de atuação e criação durante a vida profissional.
Oficina de Direção de Arte com Mônica Palazzo
A oficina número 2 da SUA 2012, com 6 horas de duração, tratava do processo criativo que envolve a Direção de Arte em cinema e suas especificidades. Mônica Palazzo, ministrante da oficina, é formada em Imagem e Som, pela Universidade Federal de São Carlos e professora da Academia Internacional de Cinema (AIC). Mônica abordou em um primeiro momento, entre outros tópicos, a importância da relação entre os departamentos de produção de um filme, entre arte e fotografia, arte e direção e até mesmo arte e som. O diretor de arte, que é artista e também executivo, pode se prover de uma gama de materiais que vão do armarinho à construção civil e as técnicas podem ser tanto artesanais quanto modernas tecnologias digitais. Mônica também mencionou a importância da experiência adquirida pelo estudante através da assistência de arte e também a importância do repertório cultural. Em um segundo momento, Mônica analisou a arte de filmes específicos, passando pelo material de trabalho, como palhetas de cores e imagens de referência.
Oficina de Captação de Recursos com Denise Moraes
A oficina sobre “Projetos de Captação de Recursos”, ministrada por Denise Moraes, se focou no planejamento das produções audiovisuais e cinematográficas. Para ela, se um projeto envolve ideias, planos, pessoas, materiais, gastos e objetivos é necessário que se faça uma organização desses elementos tanto para a própria realização quanto para a apresentação do projeto para os concursos ou os editais. Dessa forma, Denise indicou quatro dimensões da riqueza de um projeto: a econômica, a filosófica, a potencial e a causal. Ou seja, ela pontuou a importância de delinear e detalhar no projeto os recursos diversos, as razões e motivações originais, a organização da equipe e do elenco, além do objetivo e do público para o qual ele é destinado. Assim, a justificativa se torna o elemento fundamental para contextualizar o projeto, levantar a sua importância nesse contexto, expressar o porquê ele foi pensado e proposto e, por último, qual o seu diferencial. A oficineira ainda detalhou outros elementos de um projeto, como o argumento, o roteiro, o registro na biblioteca nacional, as leis de incentivo, a análise técnica, o orçamento, o plano de filmagem, o cronograma de filmagem e de trabalho. Dentre esses elementos Denise destacou a importância do proponente se debruçar sobre o material para compor a análise técnica para compreender melhor o projeto e ao mesmo tempo fazer um orçamento mais fiel ao que será gasto. Por fim, ela propõe um pensamento para além das regras : o planejamento deve vir acompanhado de criatividade, responsabilidade, ousadia e intuição.
Oficina de preparação de atores com Cristiano Burlam
A oficina de 6 horas começou com questionamentos postos pelo oficineiro a respeito da função de um realizador audiovisual. Partindo do principio de que os produtos audiovisuais contém um discurso, foram lançadas questões a respeito de como tal discurso pode se articular através da interpretação, do ator e da mise-en-scène. Cristiano Burlam expôs diversos métodos de atuação diferentes e já consagrados, como de Stanislavski, passando pela biomecânica de Meyerhold e até as consagradas técnicas do Actor´s Studio. A explanação propunha que diversas metodologias foram desenvolvidas para contextos culturais e períodos históricos diferentes. Dessa forma, Burlan colocou que não há um método de atuação melhor, ou dominante, porém o que existe são tentativas de trabalhar o ator diante de expressões culturais diversas. Foram citadas as diferenças entre o ator britânico, americano, oriental e brasileiro. Foi enfatizada a relação entre cinema e interpretação e a necessidade de se compreender o meio audiovisual, com todas suas especificidades, e de modo global, para trabalhar a atuação de forma eficaz.
Oficina de Sound Design com Maurício Fonteles
Maurício Fonteles foi responsável pela Oficina de Sound Design. As aulas se destinaram ao estudo do desenho sonoro na composição da linguagem audiovisual. Maurício problematizou o papel do sound design na criação audiovisual e falou sobre o papel da finalização de áudio em um filme ou em qualquer obra desta área. Discorreu sobre as técnicas usadas no cinema brasileiro e a posição do profissional no mercado. Uma obra audiovisual é composta de imagens e sons, para tanto, o som desenvolve um peso importantíssimo nesta criação. O oficineiro realizou direcionamentos e expôs as principais técnicas para finalização e sobre o procedimento do desenho sonoro em filmes, usando como referência o filme King Kong de Peter Jackson. Já se diziam: ”Um filme é composto por 40% de imagem e 60% de som.” Enfim, a relevância desse tema, dessa linguagem sonora, ampliando para o contexto do audiovisual brasileiro, é providencial para o bom uso da enunciação.
*Fernanda Sales, Jéssica Agostinho, Thiago Jacot e Marcelo Félix são graduandos do curso de Imagem e Som da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Editores da RUA.
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