3ª SEMANA DE CINEMA DA FAP/CINETV-PR

Por Alexander de Aguiar e Lucas Murari*

A 3ª Semana Acadêmica de Cinema da FAP/CINETV-PR foi realizada de 16/05 a 20/05 de 2011, em Curitiba. O evento foi organizado pelos estudantes do curso de Bacharelado em Cinema e Vídeo e pelo Centro Acadêmico Zé do Caixão. O enfoque deste ano foi o Cinema Brasileiro nos Anos 2000 e as perspectivas para a nova década. A primeira realização do evento aconteceu em 2009 e optou por uma abordagem mais aberta e genérica, incluindo temas como o ensino de cinema no Brasil, as extensões universitárias do curso, seminário sobre as vanguardas cinematográficas, oficina de direção de arte para animação, entre outras atividades. A 2ª semana ocorreu em 2010 e fez um balanço sobre a produção, distribuição e exibição cinematográfica brasileira.

DIA 1 (16/05/2011)

Cezar Migliorin

Cezar Migliorin iniciou a semana apresentando e discutindo seu artigo “Por um Cinema Pós-Industrial – notas para um debate”, publicado originalmente na Revista Cinética. O professor da UFF fez uma reflexão sobre o cinema brasileiro contemporâneo a partir do êxito das experiências vivenciadas por filmes recentes em Festivais e Mostras, como por exemplo, “Estrada para Ythaca” vencedor do Festival de Tiradentes de 2010. Este festival é um dos principais espaços de exibição do chamado “Novíssimo Cinema Brasileiro”, ao lado do Cine Esquema Novo em Porto Alegre e a Mostra do Filme Livre no Rio de Janeiro.

No início de 2011 foi enviada para a Ancine a “Carta de Tiradentes”, organizada por diversos realizadores e pesquisadores brasileiros. Esta defende o reconhecimento de novas formas de produção e uma discussão sobre as atuais leis de incentivo. A carta propunha alterações na legislação cinematográfica e o desenvolvimento de uma política de baixo orçamento para a distribuição destes filmes, como o fortalecimento de cineclubes e parques exibidores.

O modelo Pós-Industrial propõe alternativas para a realização cinematográfica, fugindo dos parâmetros estabelecidos pelo cinema comercial. Através disto, possibilita-se uma maior mobilidade de funções, equipes reduzidas, utilização de novas mídias e barateamento dos custos. Com essas inúmeras facilitações, houve uma democratização da forma de se fazer cinema no Brasil, refletindo no surgimento de cineastas cada vez mais jovens e de localidades diversas, como Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Sul, estados distantes do tradicional eixo Rio-São Paulo.

Os estágios do capitalismo e a dicotomia entre o cinema industrial e o cinema cultural, assim alcunhado por Migliorin dominaram o debate. O palestrante diferenciou os dois modelos, principalmente no que tange o público alvo. O cinema industrial busca um diálogo com o mercado, enquanto o cinema cultural se legitima em festivais nacionais (Tiradentes, Brasília), internacionais (Berlin e Rotterdam), na internet e nos Cineclubes, alcançando outros tipos de público.

Uma das formas do chamado “Cinema pós-industrial” que deu certo foi a criação dos coletivos cinematográficos, grupos de pessoas que se mobilizam em diferentes funções produzindo com frequência e a baixo custo. Exemplos como “Alumbramento” (CE) e “Teia” (MG) são dois dos maiores expoentes dos coletivos cinematográficos no país.
Uma das soluções apresentadas pelo palestrante foi a criação de uma bolsa a cineastas. Migliorin defende o financiamento de vidas e não apenas de filmes, como exemplificado em outro artigo do pesquisador.

Os presentes questionaram e sanaram as dúvidas recentes ao artigo, gerando debates principalmente quanto ao acesso dos filmes pós-industriais que só circulam em mostras específicas. Essa restrição a uma grande parcela da população atinge grandes centros urbanos como, por exemplo, Curitiba, que não possui Festivais de Cinema e tampouco um circuito de exibição alternativa. Os debates propostos por esse modelo ficam limitados em pequenos nichos voltados para a discussão do audiovisual, e não diante da sociedade.

Esta nova maneira não é apontada como um “movimento” do cinema brasileiro. As discussões acerca do chamado “Novíssimo Cinema”/”Cinema Pós-Industrial”/”Cinema de Garagem” não refletem uma temática e sim um novo modelo de produção que, por sua vez, não contesta o modelo industrial, mas somente desponta como uma alternativa a ele.

À noite, na Cinemateca de Curitiba foi exibido o supracitado “Estrada para Ythaca”, produzido pelo Coletivo Alumbramento (CE), que serviu para exemplificar o debate exposto durante a tarde. Após a projeção, Migliorin intermediou uma discussão com os espectadores. Ele abordou o histórico da Produtora Alumbramento, sua estética de grupo e as principais características e qualidades do filme exibido.

Exibição de “Estrada para Ythaca”

DIA 2 (17/05/2011)

No segundo dia, houve o início da oficina “Cineclubismo”, com a presença de Rodrigo Bouillet (Bacharel em Cinema pela UFF, membro do Conselho Nacional dos Cineclubistas Brasileiros e Coordenador de Rede do Cine Mais Cultura – MinC), que traçou uma historiografia dos cineclubes no Brasil. Bouillet apontou a importância do Chaplin Club nos anos 20, o auge do cineclubismo como resistência a ditadura militar nos anos 60 e 70, o declínio nas décadas seguintes e o seu ressurgimento nos anos 2000.

Associado às discussões do dia anterior, o palestrante expôs que os cineclubes são os grandes meios de exibição em modelos alternativos frente às grandes salas de cinema do circuito comercial. Também é importante salientar o debate que ocorre após cada sessão, formando um senso crítico e democratizando a linguagem cinematográfica.

O Cine Mais Cultura tem sido um importante aliado no fomento do surgimento de novos cineclubes pelo país. Os cineclubes cadastrados no projeto recebem um projetor digital e um sistema de som para as projeções, além da disponibilização de um grande acervo de filmes. Cabe aos organizadores então somente conquistar um espaço – geralmente um espaço público, colégio ou universidade – e assiduidade.

Um dos pontos importantes relatados foi o surgimento da Programadora Brasil. Esta tem sido uma grande aliada na exibição de filmes nacionais em cineclubes, pois disponibiliza gratuitamente um imenso acervo de obras brasileiras para exibições públicas. Foi a partir de projetos como esse que o filme “Terra Deu Terra Come” de Rodrigo Siqueira pôde ter uma exibição nacional em inúmeros cineclubes, sendo visto e debatido por milhares de pessoas (cerca de 11 mil), porém não teve seus números de espectadores neste circuito de roleta contabilizados pela Ancine (menos de 4 mil).

Bouillet constata que hoje existem mais de mil cineclubes atuantes no Brasil e que eles estão presentes em todos os estados brasileiros, além do Distrito Federal. O Paraná é um dos estados menos atuantes, mas, mesmo assim, possui pouco mais de uma dezena de cineclubes. Muitos cineclubes estão associados aos Pontos de Cultura e a diversidade do público é bastante diversa.

Rodrigo Bouillet

Porém, uma grande pergunta pairou diante do fato de que os cineclubes não possuem fins lucrativos, como então manter estes espaços? Rodrigo mencionou o fato de que muitos cineclubes estão associados a outras formas de obtenção de lucro, como, por exemplo, a venda de pipoca na porta, venda de roupas, entre outros sistemas informais que auxiliam a subsistência destas exibições. O digital, a internet e o DVDs são importantes aliados no cineclubismo atual, possibilitam uma maior circulação e acesso a filmes – em especial os brasileiros. Há de se mencionar também o barateamento e facilidade ao acesso de projetores digitais, que substituíram os restritos e caros projetores de 16 mm do passado.

O debate sobre a oficina “Cineclubismo” prosseguiu na quinta feira, quarto dia de atividades desta Semana Acadêmica.

À noite, Arthur Tuoto (Artista visual e Cineasta) traçou um breve panorama sobre a vídeo-arte brasileira contemporânea. Ele evidenciou os problemas de distinguir o cinema e a vídeo-arte e como cineastas consagrados (Jonas Mekas, Chantal Akerman, Pedro Costa, Harun Farocki, entre outros) permeiam bienais, galerias e museus.

Arthur Tuoto

Arthur também mencionou o fato de que muitas galerias buscam exposições que seguem um determinado conceito de experimentalismo, como se o rótulo “experimental” estivesse atrelado a um gênero.

Nota-se diferentes temáticas audiovisuais desse tipo de trabalho, como a busca da origem da imagem, a estética da redescoberta (em especial buscando novas formas de explorar a projeção) e a dos vídeos de vigilância (que causa certa tensão). O palestrante exibiu inúmeros curtas de vídeo-arte e apresentou a diversidade das formas de se explorar o hibridismo entre os meios.

Entre os maiores nomes da vídeo-arte brasileira contemporânea, foram citados vários artistas e suas diferentes formas de abordagem dentro do experimental e da vídeo-arte. Filmes como “Confronto”, “Cruzada” (ambos de Cinthia Marcelle), “0667” (de Marcellvs), “Doriangreen” (de Carlos Magno), “Cordis” (de Roberto Bellini), entre outros ilustraram bastante o panorama atual da produção brasileira. Além dos filmes que ilustram o contexto, foram apresentados artistas visuais que possuem a influência da estética do cinema ao realizarem suas obras, como é o caso da artista Regina Parra, que em suas pinturas e instalações faz referência ao modelo dos vídeos de vigilância e à obra de Tarkovski.

Com a palestra de Arthur Tuoto, ficou claro como a vídeo-arte no Brasil atingiu e legitimou o seu espaço. Recorrendo a mídias novas, divulgação pela internet e uma atualização e renovação do que é feito no exterior, a vídeo-arte brasileira finalmente coloca-se em critério de igualdade junto às outras formas do audiovisual. Infelizmente, muitos de nossos artistas ainda precisam buscar refúgio em países que aceitam e apóiam esse tipo de arte, ainda em fase embrionária no Brasil.

DIA 3 (18/05/2011)

Na quarta-feira, Marcelo Ikeda (cineasta e pesquisador) iniciou o dia discorrendo sobre o seu conceito de “Cinema de Garagem”. O palestrante é um dos fundadores e curadores da Mostra do Filme Livre, primeiro festival nacional a colocar em parâmetros de igualdade os filmes realizados em suporte digital junto aos de película, fato que somente anos depois iria começar a se popularizar no Brasil.

Marcelo Ikeda

Ele lançou dois livros em 2011 – “Cinema de Garagem: um inventário afetivo sobre o jovem cinema brasileiro do século XXI” (com grande parte dos textos presentes em seu blog, e textos co-escritos com Dellani Lima) e “Filme Livre: curando, mostrando e pensando filmes livres”. Ikeda abordou elementos que propiciaram o surgimento desse tipo de cinema e como os realizadores adotam a precariedade e a falta de recursos como matéria criativa. O atual professor da UFC apontou alguns pólos do assim chamado “Cinema de Garagem”: Belo Horizonte, Fortaleza e Recife.

Ikeda apontou que as facilidades de produção e certa urgência de realização foram as responsáveis pela popularização do cinema de baixíssimo orçamento. Seus realizadores são, em grande parte, cinéfilos e amigos. Porém, o conceito de cinefilia hoje deve ser encarado de forma distinta da sua forma clássica – o acesso aos filmes hoje provém de outros meios, e são apreciados no âmbito caseiro. A internet neste caso é a única forma de acesso a grande parte dos filmes realizados no mundo hoje, em especial para moradores de cidades distantes dos grandes pólos audiovisuais. Outro fator que fomentou a produção de longas metragem em suporte digital foi a facilidade encontrada para a produção de curtas – o processo no caso é o mesmo (suporte digital, redução e flexibilidade das equipes, criação coletiva), e o que os une é a vontade e interesse em filmar, independente da duração de suas produções. O mote dessa proposta é uma reconfiguração estética ousada e radical, idealizando filmes que abordem um sentimento de vida e que não se prendam estritamente ao baixo custo.

Apesar do relativo sucesso desses filmes nos festivais nacionais e principalmente no exterior (em especial Rotterdam, Locarno, Veneza e até mesmo Cannes), existe uma falta de diálogo entre tais produções e o circuito convencional, onde poucos filmes dominam a maior parte das janelas de exibição – como, por exemplo, “Rio”, que teve estreia em mil salas no Brasil, cerca de metade do circuito exibidor nacional, como ressaltou Ikeda.

Encerrando sua fala, o professor exibiu uma série de produções próprias, assim chamadas “Cartas ao Ceará”, uma espécie de diários-filmados endereçados a amigos do autor, enquanto o mesmo ainda morava no Rio de Janeiro. Depois que se mudou para o Ceará, Marcelo filmou uma nova versão, intitulada “Carta do Ceará”.

A mesa de discussão que ocorreu à noite sobre “O Estado da Crítica” contou com a presença de Luiz Carlos de Oliveira Júnior (bacharel em cinema pela UFF, editor da Revista Contracampo) e Nikola Matevski (Contracampo, SESC-PR), mediando o debate com o público. Luiz falou sobre o início da Contracampo em 1998 e do surgimento de uma “Jovem Crítica”.

Nikola Matevski e Luiz Carlos

Norteado pelo texto “A Publicidade Venceu”, Luiz Carlos fez apontamentos diferenciando a crítica cinematográfica que surgiu nos meios virtuais no início dos anos 2000 e a crítica convencional da época (jornal, revistas e outros meios impressos), que se baseava em aspectos meramente publicitários, falando sobre filmes em cartaz como uma forma de incentivar o espectador a comparecer às salas de cinema, e não pensar na função do filme. Por ser mais livre, sem uma pré-determinação de palavras e de filmes, a nova crítica logo ganhou adeptos interessados em discutir o cinema fora do eixo comercial, além de outros filmes do passado sob uma leitura contemporânea. O intuito dessa “Nova Crítica” era restabelecer o juízo estético, se posicionando sobre critérios e pensamentos.

Um dos percalços da Contracampo, segundo Luiz Carlos, é se livrar do falso conceito de revista acadêmica, o oposto do que eles se propõem. Ou seja, a defesa por um certo tipo de cinema que preza por valores autorais, pontuado por um equilíbrio entre a paixão cinefílica e a lucidez crítica.

O que teria causado, então, o declínio da crítica? Os palestrantes estabeleceram uma série de razões que podem ser responsáveis. Os textos cada vez mais herméticos acabavam por distanciar ainda mais o espectador dos filmes. Por outro lado, há de se pensar – o que o crítico é capaz de entender além do espectador médio? A falta de clareza nos textos também acabou sendo responsável por subestimar o público do cinema, que já não via mais na crítica uma forma de buscar novas abordagens para os filmes, mas sim um texto cada vez mais distante do público e fechado dentro de um nicho específico – a crítica que faz críticas para a própria crítica. A própria noção de jornalismo se alterou nas últimas décadas. Além da mentalidade do consumidor de arte que também alterou o pensamento da crítica e do crítico.

Nikola Matevski relatou algumas de suas experiências por veículos da grande imprensa e tratamentos recebidos. Muitas vezes, o crítico recebeu favores e mimos de produtores culturais que, esperavam assim, comentários favoráveis às obras avaliadas. Isso reflete o que “A Publicidade Venceu” debate: a crítica como forma de vender um produto, e não de discutir a obra de arte.

Apesar do cenário pessimista para a crítica atual, a internet se mostrou um excelente espaço para o aprofundamento de ideias e a construção de um pensamento crítico aprofundado, possibilitando que vários veículos discutam e renovem o pensamento e a troca de informações sobre o audiovisual.

DIA 4 (19/05/2011)

Nikola Matevski e Emmanuel Appel

Para iniciar o último dia de atividades teóricas na Terceira Semana de Cinema, prosseguiu-se com a segunda parte da oficina “Cineclubismo”, iniciada no segundo dia de atividades. Emmanuel Appel (Professor no Departamento de Filosofia da UFPR) e Nikola Matevski. Appel começou abordando seu engajamento como cineclubista desde os anos 60 no Colégio Santa Maria, em Curitiba. O professor contou a importância que os cineclubes tinham como ponto de resistência à ditadura militar instaurada naquela década e de sua militância no movimento estudantil durante as décadas de 60/70. Appel discursou sobre o papel dos cineclubes no passado e no presente e de como eles tem importância no escoamento de produções alternativas. O palestrante ressaltou a relevância do debate após as sessões e de como esse espaço de trocas é rico e deve ser incentivado.

Nikola Matevski concentrou sua fala nos preceitos para a criação de um cineclube. O responsável pelo setor audivisual do Paço da Liberdade (SESC-PR) falou dos mecanismos burocráticos e de como pensar a curadoria dos filmes. Ele destacou a estrutura tradicional do Cineclube, em suma, a tríade (apresentação do filme, exibição e discussão entre os presentes) que é responsável pela formação cultural de grande parte dos cinéfilos espalhados pelo país, ainda mais se levarmos em conta o fato de que sequer 10% das cidades brasileiras possuem salas de cinema. Iniciativas cineclubistas hoje em dia são mais frequentes do que as do início da última década, porém ainda distantes de possuírem um papel importante como nas décadas de 60 e 70. Fomentado pela vontade de exibir e discutir o cinema alheio ao sistema comercial. Surgiu no ano passado o Circuito-PR, um fórum de cineclubistas e entusiastas que prevê a formação de diversos cineclubes e debates sobre o tema ao redor do Paraná, tendo o Festival da Lapa como palco de sua inauguração.

Matevski salientou que com as facilidades propostas por projetos como o Cine Mais Cultura, pela existência de espaços como os Pontos de Cultura (MinC), além do acesso e distribuição do acervo da Programadora Brasil, fazer uma curadoria para a exibição pública dos filmes torna-se cada vez mais fácil ao longo dos anos. O debatedor também expôs a busca exagerada que há por certa relação temática entre diferentes filmes a serem apresentados em uma mesma janela de exibição, pois muitas vezes o próprio público encontra ligações desconhecidas pelos próprios organizadores, ressaltando, assim, a importância do debate após cada sessão – inexistentes nos circuitos convencionais.

Finalizando a oficina “Cineclubismo”, os palestrantes pontuaram a questão da educação audiovisual, ainda deficitária no Brasil. Esse tipo de pedagogia auxilia a compreensão de um mundo infestado de imagens, sejam elas na internet, na televisão ou no próprio cinema. Para isso, foram sugeridos os trabalhos de Alain Bergala sobre “a hipótese no cinema”, como retratado em seu livro homônimo.

Luis Carlos e Gustavo Beck

À noite foi a vez do cineasta Gustavo Beck exibir seu mais recente filme “Chantal Akerman, de cá”, longa metragem realizado com pouco recursos, com apenas uma câmera em um longo plano que registra durante pouco mais de uma hora uma entrevista com a cineasta belga. O filme serviu como uma forma de ilustrar ainda mais a adoção de novas estéticas e possibilidades criadas com a plataforma digital, agilizando o processo de produção e barateando os custos de filmagem. O filme nos faz questionar sobre diferentes possibilidades do cinema, de como retratar uma personagem (riquíssima, por sinal) e a forma com que os elementos técnicos são estabelecidos para fazer o registro do material.

Antes da projeção de “Chantal”, um curta-metragem do mesmo diretor foi exibido: “Ismar”. O curta trabalha a questão da mídia, da exposição da imagem, da memória e principalmente das relações humanas. Explorando o ritmo da montagem, vamos descobrindo o personagem principal através de registros televisivos de seu passado e filmagens recentes, que nos parecem dizer muito mais do que pode caber dentro do limitado espaço de um curta.

Após a sessão, Luiz Carlos Oliveira Júnior comentou as obras e a filmografia de Gustavo Beck. O crítico evidenciou as qualidades e de como o dispositivo adotado referencia a própria obra da Chantal (Hotel Monterrey, 1972). “Chantal Akerman, de cá”, é um filme intuitivo e uma experiência bruta sobre o tempo e seu prolongamento.

A fala de Luiz encerrou os debates e palestras da Semana, que serviu como um bom espaço para pensar e se discutir a produção e exibição alternativa do cinema contemporâneo – em especial aos universitários, que muitas vezes se deparam com entraves e dificuldades na hora de realizar seus projetos com orçamento mínimo.

DIA 5 (20/05/2011)

O último dia da Semana de Cinema foi dedicado aos curtas metragem dos estudantes da CINETVPR/FAP. A quarta edição do “Mostra o seu que mostro o meu” contou com dezenas de filmes dos universitários, divididos nas categorias: ficção, documentário, experimental e edital/tcc. As exibições ocorreram no Auditório Brasílio Itiberê e tomaram toda a sexta-feira. O público pode votar em seus favoritos e os vencedores foram: “Bodas de Prata”, de Gustavo Ulisse e Diogo Marques, na categoria de ficção; “Vó Maria”, de Tomás von der Osten, como documentário; “Minifesto”, de Ana Chiossi, no gênero experimental; e “Decisão Real”, de André Senna, como edital/tcc.

"Mostra o seu que mostro o meu" - foto de João Menna Barreto.

Logo após o término do “Mostra o seu que mostro o meu”, aconteceu no Bar Sal Grosso, em Curitiba, o encerramento oficial da 3ª Semana Acadêmica de Cinema da FAP/CINETV-PR. Foram anunciados os vencedores de cada categoria e a festa se prolongou noite adentro.

*Alexander de Aguiar e Lucas Murari são graduandos no curso de Bacharelado em Cinema e Vídeo da FAP/CINETVPR.

A RUA agradece a todos os alunos do Curso de Cinema e Vídeo da Faculdade de Artes do Paraná que organizaram 3ª Semana Acadêmica de Cinema da FAP/CINETV-PR, principalmente à cobertura feita pelos colaboradores Alexander de Aguiar e Lucas Murari, ao apoio do produtor Felipe Aufiero Fonseca e à colaboração de Frederico Neto (http://infoprodutor.wordpress.com).

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