MOSCA 8 / Dia #4 – Mostra Brasil VII

Por Lidiane Volpi *

A primeira sessão da noite de sábado, na 8ª MOSCA, exaltou, dentre outros pontos, o processo criativo nas artes e, especialmente, no cinema. A sala permaneceu com boa parte dos lugares ocupados durante as três últimas sessões do evento.

O primeiro filme, Meta, de Rafael Baliú, como o próprio nome salienta, trata do cinema falando do cinema. Para criar o aspecto cômico, o filme dá voz ao pessoal técnico que se encontra atrás das câmera, bem como deflagra equipamentos e métodos de filmagem cinematográficos. Assim também o fará o último curta da noite, Temporalidade, que, através de fragmentos de imagens captadas ao longos anos, questionará o jeito trivial de se fazer cinema documentário.

Em cartaz, de Fernanda Teixeira, mostra para o público a vida de uma curiosa personalidade: A. Silveira, pintor de cartaz de filmes. O curta deflagra todo o processo criativo de A. Silveira, que se confunde, em certo grau, com o fazer cinematográfico através de pouco mais de um século de história. A evolução da técnica gráfica encareceu o processo artesanal de artistas que, como A. Silveira, emprestavam sua força de trabalho em prol da arte cinematográfica, e que os deixaria desamparados, não fosse a capacidade artística que possuem. Depreende-se então que bons quadros são como bons filmes, ambos precisam de dedicação, uma função para a qual existir e espectador para apreciar.

Termino essa análise não necessariamente pelo filme que encerrou a sessão. Graffiti dança, de Rodrigo EBA!, mostra a ocupação de uma cinza São Paulo pela dança do Graffiti. Através de técnicas de animação, personagens criados através das mais diversas técnicas, dançam pelos muros de São Paulo colorindo a vida daqueles para a qual ela não se mostra tão cromática assim.

Quase todos os realizadores estiveram presentes na sessão. No debate, ao final da exibição, Graffiti Dança mostrou-se alvo direto das inquietações de um público que se mostrou impressionado com as técnicas utilizadas pela equipe realizadora. Também fora pautada a função social do graffiti, de dar voz, de poetizar os muros e a rotina de quem está sempre indo e vindo. Função semelhante a do cinema que a 8ª MOSCA, durante cinco dias, trouxera para o público.

* Lidiane Volpi é estudante de Imagem e Som na Universidade Federal de São Carlos e editora da RUA.

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