A oficina do Filme Minuto

A oficina do filme minuto foi apresentada pelo professor Marcelo Costa. Marcelo é doutorando na UFPE – em artes e comunicação, além de ministrar na mesma instituição as disciplinas de Direção, Edição e Montagem II para o curso de graduação em audiovisual. Ao dar início a palestra, o professor explicou que não se dedica a filmes de minuto, mas os considerada interessante por sua relação complexa com o tempo da narração. Enquanto que em um longa metragem se tem em média 2 horas para resolver os conflitos dos personagens, em um filme de minuto há apenas 60 – 120 segundos para solucionar a história.

Com essas características engana-se quem pensa que fazer um filme de minuto é mais fácil e que “todo mundo faz” dispensando o planejamento ou o uso da linguagem do audiovisual em sua execução.

Mas que filme é esse?

Confundido com um subproduto do audiovisual, ou tratado como um “brinde” que se ganha ao se assistir o filme principal, “o filme minuto é enganador, porque mesmo com a limitação do tempo de duração pesam duas grandezas fundamentais como em qualquer outro meio audiovisual: o tempo e o espaço” segundo Marcelo.

Sobre o tempo Marcelo levanta algumas questões: quais estratégias utilizar para contar a história de um casamento de uma vida toda, por exemplo? Ou como passar a ideia de cotidiano e frequência, como construir um hábito em menos de 2 minutos de filme? A resposta é dada pelo próprio palestrante: “não há segredos, não é uma outra linguagem é apenas uma adaptação ao formato. Seja o filme de 10 segundos ou de 4 horas, há uma linguagem, artifícios narrativos a serem utilizados”. Costa destaca algumas decisões que o realizador deve tomar antes de iniciar o filme. Primeiro é determinar a ordem da narrativa, se será linear, em flashback, em terceira pessoa ou até de trás para frente. E lembrando que é recomendável priorizar a narrativa visual em detrimento do diálogo excessivo.

Outro ponto é que cada frame conta e deve ser avaliado quanto sua importância para a narrativa, sempre lembrando de treinar o olhar e buscar soluções sutis, buscando uma relação de verossimilhança com o comportamento humano na vida real.

Um dos desafios é montar um argumento para o filme de 1 minuto, já que é comum incorrer no erro de “querer colocar um elefante em um fusca”, tornando um argumento válido em superficial pois não há tempo para desenvolvê-lo.

Outro artificio da linguagem cinematográfica é o uso do extra campo, seja ele sonoro ou visual. Extra campo é algo que faz parte da narração, mas não está enquadrada, os elementos saem do extra campo e atinge o campo, geralmente causando a “quebra” de expectativa no expectador. O uso desse recurso é não dar tudo pronto é deixar algo para a imaginação. Muitos curtas se utilizam deste recurso se assemelham a uma anedota no final, dando uma solução que quebra a expectativa do expectador.

Ao final da oficina ficou claro que não existe isso de sei fazer um filme minuto, ou sabe-se a linguagem do audiovisual ou não sabe fazer filme de qualquer duração.

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