Bacharelado em Imagem e Som na UFSCar

Luciana Corrêa de Araújo é Coordenadora do Curso de Imagem e Som

O curso de graduação em Imagem e Som da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) teve início em 1996 e hoje integra, junto com o curso de Licenciatura em Música, o Departamento de Artes e Comunicação (DAC). Este ano de 2009 marca uma década de formatura da primeira turma. De lá para cá, o curso formou 334 profissionais.

Não existe um acompanhamento sistemático das trajetórias pessoais depois da graduação. No entanto, pelas informações que nos chegam ou mesmo pelos contatos pessoais que continuamos a manter com alguns dos ex-alunos, observa-se que sua inserção no mercado de trabalho se dá em variadas frentes e regiões geográficas. Vamos encontrá-los atuando agora em produtoras de cinema, vídeo e publicidade, emissoras de televisão, casas de finalização, circuito exibidor, arquivos audiovisuais, instituições de ensino. Muitos deles, uma vez concluída a graduação, deslocam-se para os grandes centros, especialmente São Paulo. Existe, porém, uma parcela considerável que exerce sua profissão em cidades do interior paulista ou de estados próximos. Colaborar para a descentralização das atividades ligadas ao audiovisual, por meio da formação de profissionais especializados na área, constitui importante contribuição da graduação de Imagem e Som, e só vem confirmar a perspectiva que norteou a criação do curso, o primeiro de audiovisual oferecido por universidade pública no interior de São Paulo e um dos primeiros fora de uma capital.

Em termos de ensino, o curso ganhou novo impulso a partir de 2003, com a implementação do atual currículo. O projeto pedagógico elaborado naquele momento e até hoje em vigor estruturou uma grade na qual os dois primeiros anos devem proporcionar um embasamento ao aluno, privilegiando as disciplinas teóricas e históricas sem deixar de já oferecer disciplinas de caráter prático, enquanto nos dois anos seguintes o foco se concentra nas especializações e nas atividades práticas de maior fôlego, incluindo o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), no último ano. Ausentes no currículo antigo, as especializações permitem aos alunos maior aprofundamento em duas das oito áreas do audiovisual contempladas no curso: Produção, Roteiro, Direção, Fotografia, Montagem e Edição, Hipermídia, Som e Pesquisa.

Ao adotar as especializações, o atual currículo se aproximou das linhas pedagógicas adotadas por tradicionais escolas de audiovisual, como a FÉMIS (França), EICTVT (Cuba) e ECA/USP (Brasil). A grade curricular, contudo, está estruturada de tal maneira a viabilizar ajustes necessários a fim de que o curso reforce cada vez mais uma personalidade própria, seja por meio do encaminhamento das disciplinas obrigatórias, seja devido à flexibilidade proporcionada pelas disciplinas optativas. A consolidação de novos laboratórios também deve vir a desenvolver de forma mais acentuada abordagens particularmente fortes no curso, como é o caso do recém-criado Laboratório de Animação, que tem entre seus objetivos apoiar os projetos numa área tradicionalmente de grande interesse para os alunos de Imagem e Som, como se pode observar nos diversos TCC’s e trabalhos finais de disciplinas voltados para esse gênero.

Cabe destacar, entre as especializações oferecidas pelo curso, as de Hipermídia e Pesquisa, que apontam a preocupação em incorporar campos importantes do estudo e da prática audiovisual, que muitas vezes não chegam a ser incluídos entre as especializações tradicionais da área. A especialização em Hipermídia responde ao desafio de apreender e atualizar-se diante das transformações tecnológicas e narrativas no campo das mídias interativas. Pesquisa, por sua vez, dedica-se ao desenvolvimento de projetos e ao estudo mais aprofundado do audiovisual, podendo tanto conferir maior embasamento às atividades práticas do egresso quanto preparar o aluno para uma futura inserção no ensino do audiovisual. Ainda no âmbito pedagógico, um desafio constante vem sendo o de estreitar o diálogo entre as disciplinas, particularmente entre aquelas voltadas para a realização, de maneira a articular trabalhos em comum e/ou planejar uma utilização racional dos equipamentos.

Juntamente com o aprimoramento do projeto pedagógico, outro grande desafio que se coloca constantemente para o curso de Imagem e Som diz respeito à estrutura técnica, disponibilizada pelo Departamento de Artes e Comunicação. Em termos de equipamentos para a realização de projetos práticos, a primeira grande conquista do DAC que beneficiou diretamente o curso veio em 2003, graças a uma parceria entre o Exinbank e o MEC, que contemplou também outros departamentos da UFSCar [1]. A chegada dos equipamentos no Departamento possibilitou uma atualização tecnológica, o que refletiu nos trabalhos realizados dentro do curso. Mas o desafio, em termos de uma constante atualização dos equipamentos, continua.

Os canais para obtenção de equipamentos incluem editais internos promovidos pela Universidade e projetos desenvolvidos por professores do Departamento. Outro canal que se configura no momento está relacionado à entrada da UFSCar e do curso de Imagem e Som no Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais). A adesão do curso ao programa implementado pelo Governo Federal já resultou no aumento de vagas. A partir de 2009, o número de alunos ingressantes passou de 40 para 44. Houve também acréscimo ao quadro de professores efetivos, com a contratação de novo professor para o DAC. Além disso, existe a expectativa de novos investimentos, por meio do Reuni, em equipamentos e instalações que viriam beneficiar tanto o departamento quanto o curso.

Uma característica do curso de Imagem e Som para a qual vale chamar a atenção é a expressiva mobilização dos alunos em atividades de extensão, além dos estágios regulares que podem ser cumpridos na própria universidade ou em outras empresas e instituições de São Carlos. Como a grande maioria dos alunos não é da cidade, logo se dá a criação de redes de sociabilidade (ou a inserção naquelas já existentes). E um dos desdobramentos resultantes dessa dinâmica é o grande entrosamento dos alunos em projetos coletivos, o que vem justamente ao encontro do empenho da UFSCar em promover a esfera da extensão, tanto quanto o ensino e a pesquisa.

As atividades de extensão, ao mesmo tempo em que estimulam e se enriquecem com essa convivência, também desempenham uma importante função diretamente relacionada à formação em audiovisual, na medida em que ampliam as perspectivas do futuro profissional, apontando caminhos de atuação para além do tradicional campo da produção. Nesse sentido, cabe ressaltar iniciativas como a própria RUA, voltada para a atividade da crítica; como a SeIS (Semana de Imagem e Som), evento anual de discussão e debates organizado pelos alunos do curso; e como os cineclubes CineUFSCar e Cine São Roque, que estabelecem estreito intercâmbio com a comunidade universitária e local, proporcionando também um valioso espaço de aprendizado quanto às dinâmicas de exibição e divulgação do audiovisual.


[1] Para questões de equipamento, tomamos por base documento elaborado em 2007 por Djalma Ribeiro Junior, técnico de laboratório audiovisual do DAC.

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Este post tem 7 comentários

  1. Author Image
    Bruna

    Olá,
    Eu recentemente fui aprovada em cinema e audiovisual (UFF), imagem e som (UFSCar) e radialismo (Unesp). Achei seu site por acaso e tenho achado ótimos os seus textos e seus esclarecimentos. Tendo em vista que ainda não tenho um foco definido (entre cinema, tv, ou qualquer outra área de atuação), qual dessas três faculdades você acredita que seja melhor para se cursar audiovisual? Pelo que sei, a UFF é consideravelmente mais tradicional, embora esse seu texto da UFSCar tenha ressaltado vários lados positivos dessa graduação.
    Obrigada!

  2. Author Image
    Luigi Virgolin

    Dear Luciana,
    thanks for your suggestions and your ideas during the Festival Cinema Ritrovato. I’m not sure I’m writing to the right adress, please give me a confirmation.

    We’re always searching for future research and collaborations, particularly relating to the representation of Naples, the Italian sightseeing, etc.

    If you have some bibliography references, or some suggestions about non fiction films, please tell me more, I’ll be very glad to know more.

    I’ll also try to write to Carlos Roberto, as you suggested.

    By the way, I send you in attachment a call for paper I received from the Institut d’Estudis del Museu del Cinema of Girona (Spain), it’s about the construction of News in Early Cinema.

    So, let’s stay in touch.
    Best regards,
    Luigi Virgolin

  3. Author Image
    Giulia

    olá , eu moro em São Carlos e queria fazer publicidade e propaganda só que no estado de São Paulo só tem publica na USP de São Paulo , você acha que tem algo a ver o curso de imagem e som da ufscar com publicidade e propaganda ?
    vale a pena fazer imagem e som e depois pós em alguma area de publicidade?
    se puder responder meu e-mail ficarei grata!
    obrigada
    giulia.mazzuco@hotmail.com

  4. Author Image
    Aline

    Olá, vou prestar Imagem e Som na UFSCAR, mas eu tenho mais interesse na área de design, fotografia, vi no currículo que dá para seguir essa carreira, mas o que você acha? Dá pra direcionar pra essa área ou é mais cinema mesmo?

    Obrigada

  5. Author Image
    Caroline

    Olá , eu moro em Ribeirão Preto e queria fazer Publicidade e Propaganda só que no estado de São Paulo só tem pública na USP de São Paulo como a Giulia falou , você acha que tem algo a ver o curso de Imagem e Som da Ufscar com Publicidade e Propaganda ?
    Vale a pena fazer imagem e som e depois pós em alguma área de Publicidade?
    Se puder responder meu e-mail ficarei grata! Por favor estou com essa grande dúvida!
    Obrigada
    karol-013@hotmail.com

  6. Author Image
    Tatiana

    Olá faço design digital e gostaria de saber se tem
    como transferir pra imagem e som …será que teria alguma possibilidade?
    E como é o processo de transferência? tem alguma prova?
    obrigada

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