Por Jéssica Agostinho*
Composta pelos professores João Luiz Leocácio e Josias Pereira, da UFF e UFPel, respectivamente, a mesa sobre Cinema e Educação discutiu aspectos teóricos e históricos sobre a área, além de uma enriquecedora troca de experiências. A partir da necessidade de situar o local social de onde se fala, os membros da mesa colocam-se enquanto militantes da área de Cinema e Educação, possuindo, também, uma ação para além da academia.
Josias, por exemplo, comenta em sua trajetória o momento em que, por acaso, iniciou sua experiência ministrando oficinas de cinema com comunidades da favela. Sua fala traçou um breve panorama histórico sobre o assunto, a partir da década de 1930, quando Roquette Pinto passou a utilizar-se do rádio como um auxiliador do processo educacional. Comentou o momento histórico no qual o potencial do cinema passou a ser utilizado como uma ferramenta para a educação, passando também pela criação do Instituto Nacional de Cinema Educativo, entre outros pontos e autores relevantes.
A fala de João Luiz teve um papel mais conceitual, onde colocou o cinema como um importante elemento na reinvenção do trabalho, num contexto onde busca-se a inovação, e como um espaço de formação. Essa formação não precisa ser necessariamente voltada para a produção cinematográfica, no sentido de formar-se realizadores, mas deve tender na intencionalidade de promover uma experiência criativa no espaço escolar, um senso crítico cultural a partir da experiência cinematográfica.
A presença de uma Mesa sobre essa pauta localiza-se em um contexto especial de criação recente do curso de Licenciatura em Cinema da UFF. A iniciativa é pioneira e, como apontado durante as conversas, desafiadora, por não existir – por enquanto – uma demanda “oficial” por licenciados em cinema. Ainda assim, conhecemos a importância do papel desse profissional, uma vez que traçamos a proximidade entre cinema e educação, uma vez que ambos são atos genuinamente políticos e inovadores.
O diferencial da Mesa se deu principalmente durante a discussão entre os presentes, dentre os quais haviam estudantes de diversos cursos, mas também estudantes do novo curso de licenciatura, incentivando um debate bastante interessante e instigador.
*Jéssica Agostinho é estudante de Imagem e Som na Universidade Federal de São Carlos e editora da RUA.
