Oficina “Músico empreendedor” no Festival Contato


Cobertura em vídeo dessa oficina pela RUA

Na sexta-feira, às nove horas da manhã, começa a oficina de músico empreendedor pelo festival CONTATO. Nesse primeiro dia, os docentes são Maurício Martucci, representante da Rádio Ufscar e baterista da banda The Dead Rocks, Leonardo Castro, representando o DEP, também da Ufscar e Antônio Volante Junior, do SEBRAE.

Começamos por Antônio e pela frase por ele colocada: “o que você oferece todo mundo oferece, a diferença está em como você oferece”. Introduz o conceito de empreendedor, que subjetivamente julga ser a pessoa que transforma uma idéia em algo concreto. Porém enfatizando a realidade, ou seja, o que é factível em determinada circunstância. Há uma preocupação gritante de como passar uma imagem profissional do produto (ainda não fala diretamente sobre o produto em questão, que é a música), de comprometimento, planejamento e aprendizado. Fala também de trabalho em equipe, da necessidade de liderança em um projeto e reforça a questão do não-amadorismo. Para mim, sinceramente, nada muito novo. Muitos conceitos de “auto-ajuda”, sem desmerecer o trabalho do palestrante, entretanto, pouco interessante para a maioria do público presente na sala: músicos e produtores musicais.

O próximo a ter a palavra é Maurício Martucci. Este abre um diálogo muito maior com o público, pergunta quem é músico e faz questão de que todos falem sobre seus projetos, sejam eles musicais ou não. Reforça, no início, a importância do profissionalismo em qualquer que seja o projeto (já mais especificamente para as bandas), a necessidade de uma identidade visual e de uma pesquisa musical, para não se copiar o que já foi feito. Toma como exemplo sua própria banda: The Dead Rocks, banda de surf music reconhecida nacional e internacionalmente, originada em São Carlos. Bate na tecla da proposta definida, ou seja, não importa os integrantes (ou não), desde que o estilo e proposta original sejam mantidos. Para isso, exige-se um planejamento estratégico, estudando o nicho musical em que se irá atuar, estabelecendo metas e propondo meios de se realizar o projeto.

Logo após Martucci, quem fala é Leonardo Castro, que em razão do pouco tempo disponível acabou reforçando as palavras ditas anteriormente, porém aprofundando na necessidade de organização. Mostrou planilhas, esquemas e distribuiu uma cartilha dos slides que projetou na palestra.

No segundo dia de oficina as coisas esquentaram mais. Os palestrantes foram Alê Barreto, do projeto “Nós do Morro – RJ” e autor do livro “Aprenda a organizar um show” e Rodrigo Lariú, da gravadora carioca Midsummer Madness.

Rodrigo começa a palestra contextualizando a cena independente de bandas no Brasil, e assim reforçando o conceito de que o sucesso é relativo, ou seja, se uma banda se propõe a fazer 1.000 discos e vendê-los com certeza seu projeto foi um sucesso. Hoje no Brasil para se ganhar disco de ouro é preciso vender 34.000 exemplares, número muito abaixo do que era alguns anos atrás, quando a venda de discos era consideravelmente superior a de hoje em dia. Depois, por ser “o homem” da gravadora que recebe os materiais enviados por e-mail ou correio, dá dicas de como formatar e tratar um material que será colocado para o público. Discute o nome das bandas, os integrantes, mais uma vez a identidade visual, release, os processos de gravação e os formatos de qualidade para se fazer um myspace ou tramavirtual (sites que permitem a divulgação de bandas independentes tanto no Brasil como no mundo). No final, ainda se preocupa em mostrar o processo de registro de músicas e bandas, para que estas possam receber o dinheiro do ECAD e no futuro não sofrerem com problemas judiciais.

Faltando apenas meia hora para o fim da oficina Alê Barreto começa a falar. Limita-se a produção de shows independentes, de sistematizar conhecimentos práticos de produção executiva de um show e torná-los acessíveis. Enfatiza o exercício prático, e consequentemente a quebra do misticismo que envolve um show grande (ou apenas bem organizado). No meu caso houve uma grande identificação, já que envolvido em uma faculdade de cinema estudo e pratico exercícios de produção, que em certo ponto não se distanciam muito de uma produção musical ou de um festival de bandas.

Assim encerra-se a oficina de músico empreendedor, mais uma excelente produção do Festival CONTATO, que agora se encaminha para sua terceira edição, em 2009.

Juliano Parreira é graduando em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos

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