Por Thiago Jacot*
A famosa Sessão do Comodoro que acontece há 7 anos em São Paulo no CineSesc foi trazida para a programação do 5º Festival CONTATO e com ela seu curador, o grande cineasta brasileiro Carlos Reichenbach, que trouxe na mala filmes de seu acervo pessoal para a apresentação no CineUFSCar nesta quarta-feira, 16 de novembro. A Sessão do Comodoro é fruto de um trabalho de busca e investigação que o cineasta realiza a procura de filmes “nada óbvios, com temáticas polêmicas e impactantes”, que ninguém viu, filmes fora do comum. A Noitada Cineclubista comemora os 50 anos de cineclubismo em São Carlos e eu pude acompanhar a exibição dos três longas metragens apresentados.
O primeiro filme, As filhas do Botânico de 2006, produção franco-canadense dirigida por Sijie Dai, conta a história de um romance homossexual entre duas mulheres na China dos anos 80 e as dificuldades de vivê-lo em um país cuja sociedade é altamente censurada pelo governo. Filme construído de forma muito poética, com imagens belíssimas. Segundo Carlos, esse era para começar a noite, leve e claro, quebrar tabus. Na programação não constava as surpresas que ainda estavam por vir.
O segundo filme, uma mistura de horror com bizarro e surrealismos, Nascidos do Fogo de 1983 conta a busca de um músico que desesperadamente quer encontrar um certo Mestre Flautista, uma criatura poderosa e sobrenatural que planeja destruir o mundo. A produção inglesa, dirigida pelo paquistanês Jamil Dehlavi, pode ser considerada o primeiro filme de horror islâmico. Um filme que não segue modismos e retrata elementos muito particulares de uma cultura tão estranha para nós ocidentais. Considerado como um dos diretores mais originais em atividade, “Dehlavi põe no chinelo todos estes fetiches de almanaque que infestam os festivais mainstream”, segundo Reichenbach.
O terceiro longa, insano e do “grande cacete” para parafrasear o cineasta, Lágrimas de Kali de 2004, produção alemã premiadíssima em festivais do gênero, resume três histórias em torno do misterioso grupo de terapia Taylor-Eriksson e seus membros. Este grupo tenta voltar a definir os limites da auto-descoberta, sexo e violência. Começando como um jogo psicológico de gato e rato, logo a história se transforma em puro terror.
A Sessão do Comodoro no Contato ajuda a reforçar a importância gigantesca do circuito cineclubista, onde é possível assistir e descobrir a grande variedade de filmes e cinematografias que perambulam pelo mundo e que nunca antes sonhávamos em ver. São filmes que ajudam a desconstruir as imagens que vemos normalmente e favorecem a experiência de visualizarmos algo de inusitado, chocante. É simples, a Sessão do Comodoro não é para fracos e hipertensos. Só os fortes e os amantes de cinema, do underground, do desconhecido e do surpreendente sobrevivem. Ótima sessão, sem dúvidas.
Confira na edição de dezembro da RUA a integra da entrevista realizada com o cineasta Carlos ReichenBach.
*Thiago Jacot é graduando do curso de Imagem e Som da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e editor da Revista RUA.
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