Quando se produz algo, principalmente quando o produto gastou tanto tempo e dedicação, é natural que o produtor queira divulgar para o público o resultado de seu trabalho. Porém, a falta de oportunidades de divulgação é outro grande obstáculo, sendo que muitas vezes basta apenas uma pequena abertura da janela para que o produto seja reconhecido e admirado pelo público. E é sob esse olhar que a Unimídia se construiu.
Realizado no dia 23 de Outubro de 2008 no Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em sua segunda edição, agora organizado pelos alunos do terceiro ano do curso de Midialogia, a Unimídia buscou abrir uma vitrine para os trabalhos dos alunos do curso, sendo exposto para toda comunidade universitária e campineira. Reuniu cerca de 30 trabalhos, divididos em produtos de vídeo, fotografia e multimídia. As fotografias estavam expostas nos corredores do Instituto de Artes. No mesmo espaço, havia um computador contendo os trabalhos multimídia, que podiam ser desde fotografias digitais até games, passando por sites, portfólios e softwares, possibilitando ao visitante interagir com esse conteúdo. No auditório do Instituto, durante parte da manhã e hora do almoço, ocorreu a mostra de vídeos, em que se passou alguns dos grandes trabalhos de destaque do curso.
Na parte da tarde, ocorreu a grande atração do evento: a palestra com Cícero Silva, coordenador do FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica, e com Miller Puckette, criador do PureData – linguagem computacional para criação multimídia. Mas a grande surpresa era que Miller, professor da Universidade da Califórnia nos EUA, iria realizar uma videoconferência para a platéia do auditório, estando ali para tirar dúvidas e falar um pouco do que é essa liguagem e o cenário da produção multimídia digital.
A videoconferência de Miller Puckette, direto da Universidade da Califórnia
Miller definiu o PureData em poucas palavras: “uma linguagem em código aberto para a produção multimídia, principalmente para performances ao vivo e para produção musica”l. Até forneceu uma demonstração ao vivo da aplicação. Ressaltou a importância da colaboração cooperativa dos usuários na produção artística, pois de acordo com ele, nem ele próprio sabe mesmo quais as possibilidades de uso da linguagem, sendo que os usuários que estão expandindo esse leque de aplicações. A presença de Miller foi o símbolo de muitas das convergências que o curso de Midialogia traz, pois reuniu um número considerável de alunos da Computação e cursos similares, interessados na parte técnica da linguagem, e alunos de Artes Plásticas, interessados nas possibilidades de uso. Parece que estamos nesse meio.
Palestra sobre o FILE, com Cícero Silva. Ao seu lado, o aluno Bruno Neyra, um dos organizadores da Unimídia
Depois foi a vez de Cícero falar sobre o FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica, sobre o cenário da arte eletrônica contemporânea e sobre o FILE Labo, o laboratório de produção artística multimídia. O FILE, a cada ano, ganha maior destaque e obtém maior prestígio no cenário internacional de arte eletrônica, ocorrendo em Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. Porém, para Cícero, a participação brasileira no Festival é muito pouca e a principal razão é a falta de centros de produção especializados. Para isso, o FILE Labo surgiu para incentivar a produção desse tipo de arte, oferecendo estrutura e financiamento de obras multimídias para os artistas interessados, além de encaminhá-los para outros festivais internacionais. Em uma das perguntas da platéia, Cícero levantou uma idéia: por que não realizar uma parceria entre o curso de Midialogia e o FILE Labo? O curso possui muitas disciplinas de caráter multimídia e muitos interessados em seguir essa área, tanto artisticamente quanto comercialmente. Ficou aí uma perspectiva de projeto e de parceria. E a noite, logicamente, não poderia faltar uma festa de confraternização.
Mais do que uma oportunidade de divulgação dos trabalhos dos alunos, a Unimídia também é um grito midiático para toda Unicamp. “Nós estamos aqui e produzimos coisas. E coisas boas”. Faltava um espaço para que interessados, vestibulandos ou não, conhecessem o que a Midialogia produz fora do YouTube. Além disso, a presença do Cícero, além de ser uma ótima oportunidade para ter um contato mais direto com possibilidades de produção artística, também é uma forma de dar os primeiros passos para que o curso consiga seu reconhecimento fora do ambiente acadêmico, ou seja, no cenário de produção profissional.
Todo grande evento começa pequeno e com o passar dos anos, sua qualidade começa a ser reconhecida pelo público e assim, começa a crescer. Portanto, nós da organização, acreditamos que plantamos a semente e demos o primeiro passo para que a Unimídia se transforme em uma tradição anual e fique maior e melhor a cada ano. E para isso, o apoio deve vir de todos os lados: desde os alunos, organizadores ou não, que participem, prestigiem e ajudem na construção e qualidade do evento; e também dos professores e da própria universidade, que devem fornecer o suporte burocrático (institucional e, muitas vezes, financeiro) para que o evento aconteça em condições ideais. Se cada um fizer sua parte, assim como foi na organização, o evento só tende a crescer. E é o que queremos, para o bem do curso de Midialogia.
Gabriel Ishida é graduando em Midialogia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)