Ahsoka (2023): Uma cópia imagética que abre mão do carisma

Por: Athos Rubim

Ahsoka é a mais nova série do universo Star Wars. Com sua estreia de dois episódios no Disney+ em 22 de agosto de 2023, a produção acompanha a personagem de mesmo nome, introduzida em 2008 no filme animado Star Wars: The Clone Wars, antes da Lucasfilm ser adquirida pela Disney.

Devido ao apreço alcançado pela personagem principal entre os fãs da saga nos últimos anos, pode-se dizer que a série era uma das mais esperadas por esta comunidade. As expectativas eram altas e isso também se deve aos trabalhos anteriores com a personagem, que foram muito bem recebidos entre a crítica e o público. No entanto, apesar de fazer alusão aos tropos clássicos da saga e trabalhá-los bem, algo ainda parece faltar.

A trama se inicia com Ahsoka e Huyang, um antigo droide da Ordem Jedi, em busca de um artefato que os levará ao Grão Almirante Thrawn e a Ezra Bridger, desaparecidos desde os acontecimentos da última temporada da série animada Star Wars: Rebels.Rapidamente são apresentados também os antagonistas. Eles buscam a mesma coisa, mas por motivos contrários. Nesses dois primeiros episódios, não é possível dizer se os inimigos da vez são de fato Lordes Sith ou apenas usuários do lado negro da força. Porém, fica claro que o mais poderoso deles era um antigo Padawan do Templo Jedi, que se perdeu em meio aos acontecimentos da Ordem 66. Após encontrar o mapa, Ahsoka leva o artefato a Hera Syndulla, sugerindo para ela buscar Sabine Wren em Lothal para decodificá-lo. Dessa forma, todos os personagens centrais da série são apresentados ao espectador.

Os erros começam quando a produção introduz, em um passado diegético, sem flashbacks e apenas através de diálogos, uma conturbada relação entre Ahsoka e Sabine. As duas personagens tinham poucas interações anteriormente. Agora fica entendido que Ahsoka tentou treinar Sabine nas artes da força, entretanto essa empreitada falhou, deixando questões mal resolvidas entre as duas. Além disso, os realizadores reencenam a cena final de Star Wars: Rebels no fim do segundo episódio. Sabine aceita ir com Ahsoka na jornada em busca de Ezra e Thrawn, mas eles se esquecem de um detalhe crucial, o manto branco e o cetro de Ahsoka, além de inserirem outro, o fato de que Sabine agora é Padawan de Ahsoka. Na série animada, a simbologia, remetendo a Gandalf em Senhor dos Anéis, representava uma elevação espiritual de Ahsoka, que passara por situações difíceis, algo similar à ressurreição através do Mundo entre Mundos. Aqui toda essa profundidade se perdeu.

Através da relação mestre-aprendiz entre as personagens, de maneira similar ao que aconteceu na terceira temporada de The Mandalorian, a série deixa brechas para o arco coadjuvante de Sabine se tornar o cerne da temporada, estabelecendo sua jornada de aceitação e treinamento Jedi como central. O que resta no fim desses dois episódios é, mais uma vez, a Disney tentando capitalizar os personagens emblemáticos de Star Wars, mas sem compreender a essência das produções da saga. Com sets limpos e iluminados, algo nunca presente nos filmes de George Lucas, e uma Ahsoka totalmente sem carisma, diferindo muito das primeiras aparições da personagem, os novos realizadores emulam o estilo e a estética do universo de Lucas, mas falta-lhes paixão, resultando em produções vazias e sem coração.

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