Crítica | A Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets (2023), de Sam Fell

Por: Julia Machado

Dirigido por Sam Fell, conhecido por outros trabalhos como: Por Água abaixo (2006) e O Corajoso Ratinho Despereaux (2008), a continuação do popular Fuga das Galinhas (2000), de Nick Park e Peter Lord, dois incríveis animadores, não mantém a qualidade e criatividade do primeiro filme, tendo que diversas vezes recorrer ao antigo longa para se sustentar. Fuga das Galinhas: A Ameaça dos Nuggets (2023) é um final voltado notadamente para o público infantil, não podendo ser entendido como um filme para a família devido a uma trama simples com piadas bobas que para um público mais amadurecido chegam a ser banais. Isso de cara já se diferencia do primeiro filme, que por mais que tenha um objetivo compactuado no título possui uma trama diferenciada, com reviravoltas e, ao mesmo tempo em que há momentos de alegria e esperança, também há a representação da angústia vivida pelas galinhas.

A questão da sequência ter sido feita 23 anos após o lançamento do primeiro longa também vale ser ressaltada pois o público infantil da época hoje se encontra bem mais velho e, ao se deparar com a história da sequência, acaba de certa forma se decepcionando com a infantilidade do conteúdo. E para o público infantil atual ficam os porquês do filme estar sempre retomando acontecimentos passados.

Vale ressaltar que a cronologia do filme também é precária, visto que dentro do contexto histórico diegético do primeiro filme (segunda guerra mundial) é impossível pensar que em curto período de tempo a vilã Sra. Tweedy (Miranda Richardson), teria posse de tanta tecnologia. Isso revela o lado forçado do filme, que pela finalidade de prender o espectador nostálgico não gera novos vilões, ficando preso ao passado. Dentro disso, cabe aqui dizer que no primeiro filme há um diálogo entre a narrativa e o tempo histórico, no qual o espaço de aprisionamento que as galinhas vivem reflete, de uma forma metafórica e sem indicações, aquilo que se passava dentro dos campos de concentração da segunda guerra mundial. Não é à toa que teorias envolvendo esse assunto foram criadas pelos espectadores. A partir disso, no segundo filme não há qualquer comparativo com a sociedade ou período histórico, sendo apenas uma nova fonte entretenimento.

Agora um ponto positivo: os personagens movem a história, sendo muito bem caracterizados e capacitados a envolver o público com a obra. Talvez para os mais velhos a familiarização com os personagens tenha sido recoberta pela nostalgia mas até aqueles personagens novos omo: Molly (Bella Ramsey) e Frizzle (Josie Sedgwick-Davies) são divertidos e dinâmicos o suficiente para manter o andar do filme. Em linhas gerais, o filme é ótimo para o público infantil mas não tão divertido para a família toda

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