Five Nights at Freddy’s – O Pesadelo Sem Fim – Emma Tammi (2023)

Imagem: Universal Pictures

Por Arthur Matsubara

A franquia de jogos de terror Five Nights at Freddy’s conquistou a internet desde o seu lançamento em 2014, capturando uma legião de fãs ao redor do mundo, especialmente devido aos gameplays e teorias na plataforma YouTube, que marcaram uma geração de criadores de conteúdo. Sua simplicidade, combinada com os sustos provocados pelos jumpscares e a trama misteriosa, manteve a franquia em destaque por quase uma década, expandindo seu sucesso para outras formas de mídia, incluindo livros e, mais recentemente, um filme dirigido por Emma Tammi e estrelado por Josh Hutcherson. O longa-metragem narra a história de um jovem adulto com traumas não resolvidos que, para não perder a guarda da irmã, aceita um trabalho como segurança noturno em uma pizzaria abandonada, cujas atrações são animatrônicas.

Ao adaptar um videogame para o audiovisual, Five Nights enfrenta desafios significativos. O ano de 2023 foi marcado por várias adaptações de jogos bem-sucedidos, tanto em termos de público quanto de crítica, como The Last of Us (2023) e The Super Mario Bros. Movie (2023). Infelizmente, a qualidade das adaptações não se mantém com Five Nights. A primeira metade do filme é recheada por clichês genéricos, enquanto a segunda não consegue sequer manter um nível de mediocridade, caindo em uma inventividade e um turbilhão de ideias sem sentido.

É evidente que o filme se esforça para manter uma classificação indicativa entre 13 e 14 anos, sugerindo desde os primeiros minutos que, apesar de ser um filme de terror gráfico, a violência não estaria presente. Assim, essa decisão é justificável na lógica que o público alvo dos jogos sejam dessa faixa etária, porém essa escolha se torna problemática quando confrontada com o conceito central da franquia de bonecos fofos assassinos, que se baseia justamente no contraste entre a aparente inocência dos robôs e a violência cometida por eles, resultando em vilões que bobos e banais.

Além disso, o filme tenta abordar temas profundos e complexos, que não se alinham com a infantilidade não auto reconhecida. O roteiro apresenta as motivações dos personagens de maneira rasa e superficial, apesar de repetir esses temas ao longo do filme. Um exemplo disso é o sonho recorrente do protagonista, que é repetido inúmeras vezes antes de ser finalmente explicado, exigindo um esforço enorme para fazer sentido na trama e, mesmo assim, acaba não fazendo diferença significativa na história.

Em suma, o filme tenta provocar no público a mesma reação intrigante que os jogos alcançaram, deixando propositalmente lacunas para incentivar a  criação de teorias e, é claro, criando um gancho para uma provável sequência. No entanto, essa estratégia parece ter perdido o impacto ao fazer a transição para o cinema, tornando-se apenas cansativa, monótona e previsível. É difícil encontrar entretenimento em um filme tão infantil, que se esforça demais para ser levado a sério, enquanto se perde em uma trama medíocre e na falta de interesse da direção em criar algo que possa sobreviver sem depender dos comentários na internet.

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