Mussum, o filmis (2023), de Silvio Guindane

Por: Júlia Machado

Será que toda comédia mascara uma tragédia? Se a vida for vista sempre como uma tragédia, então talvez sim. Porém, a vida é sempre uma mescla de sentimentos, tanto alegres, quanto tristes e é através dessa perspectiva que Mussum, o filmis apresenta a vida de Antônio Carlos (Aílton Graça), ou mais conhecido, Mussum.

Assim como boa parte dos filmes biográficos brasileiros, a trajetória audiovisual de Mussum não deixa a decepcionar. A trilha sonora composta pelos Originais do Samba, é tão contagiante para os jovens, quanto para o público mais velho, esse já recoberto pelo sentimento de nostalgia que as músicas entoam. Assim como o humor que Mussum entregava nas telas entre os anos 60 e 70, o filme é recoberto de piadas e passagens humorísticas, o que torna seu desenvolvimento leve e participativo.

Acredito que um dos temas fundamentais desse filme, é um pouco de sua metalinguagem, não dentro de uma questão de ser um filme falando de um filme, mas um filme falando sobre a televisão. A experiência de ver como as relações de trabalho televisivas funcionavam dentro do período é cativante, sem falar na forma como o diretor (Silvio Guindane) apresenta certos planos como se estivéssemos vendo o filme em uma televisão de tubo. Há também a representação de grandes artistas brasileiros que cruzaram a vida de Mussum, como O Grande Otelo, Elza Soares, Chico Anysio e outras importantes estrelas que contribuíram para o sucesso na carreira artística de Antônio Carlos. Para as pessoas que acompanhavam os programas da TV Tupi e da Rede Globo, o filme revive as lembranças deixadas na memória, o que fortalece o seu clima nostálgico.

Apesar do lado humorístico ser forte, o filme tenta transmitir uma mensagem sobre a possibilidade de escolhas. De fato nem todos possuem a oportunidade de realizar escolhas satisfatórias e confortáveis, o que está muito claro na fala final de Malvina (Neusa Borges), boa parte das pessoas tomam as escolhas que garantem a preservação das suas vidas e da vida de seus companheiros. Porém, há casos em que as escolhas são tomadas sem correr riscos, o que, infelizmente, é incomum, mas por sorte há. No filme, Malvina teve que assumir uma vida difícil para que seu filho, Mussum, pudesse ter escolhas e conseguisse seguir com uma vida mais confortável. Isso felizmente acontece, apesar de ser um caso isolado.

Dessa forma, Mussum, o filmis é divertido, nostálgico e um pouco reflexivo.

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