Editorial Julho de 2013

Na reintegração de posse em São José dos Campos, conflito entre a polícia e os 6 mil invasores.¹

 É assim que, em menos de 10 segundos, a Retrospectiva 2012 da Rede Globo tratou o caso Pinheirinho. As milhares de pessoas que moravam na comunidade, há mais de 8 anos, expulsas violentamente pela PM no dia 22/01/2012, se transformaram em “invasores”. Hoje o terreno está abandonado, sem cumprir qualquer função social e nada se fala a respeito nas telas da grande emissora.

No dia 13 de junho de 2013, o MPL (Movimento Passe Livre) puxava em São Paulo o quarto ato pela redução da tarifa do transporte público e, o que se viu – não pelas lentes da mídia conservadora – foi a repressão absurda da PM de SP. Foram as lentes livres, alternativas e independentes que contaram essa história. Os relatos, de pessoas comuns, choveram nas redes sociais. A velha mídia não podia mais esconder o povo nas ruas, mas podia mostra-lo a seu jeito. Jeito torto. Quiseram nos inundar de um nacionalismo irracional, de um hino cantado ao vento, da ojeriza aos “vândalos” para esquecermos que ontem, apanhamos e que, todos os dias, a periferia morre.

E pra mídia melhorar, queremos democratizar. E se a gente se unir, a Rede Globo vai cair.²

É a mídia alternativa, a “blogosfera”, que está à frente da difusão do escândalo de sonegação de impostos por parte da Rede Globo, enquanto todos os outros conglomerados midiáticos, mesmo a dita “concorrência”, se calam ou distorcem. ³ No último dia 11, no Dia Nacional de Lutas, houve protesto em frente à emissora, com direito a alternativas bastante criativas, como a pichação digital “Globo Sonega”. É intensamente claro como a mídia velha, quadrada, conservadora e podre não dá mais conta das necessidades populares. E já deu, alguma vez?

Vem crescendo um outro modo, uma outra maneira de se narrar – livre das amarras dos interesses burgueses – o grito das ruas, que querem ser ouvidos por mais gente. A edição de julho da RUA (uma mídia livre e autogerida por estudantes!) traz a discussão do papel que tais meios alternativos detém sobre a difusão de informações que vão contra os interesses dos monopolizadores. A experiência pode estender-se à esfera cinematográfica, através do uso de diferentes meios narrativos.

Nossas seções procuraram abordar o tema de diversas maneiras, de acordo com seus contextos internos e esperamos trazer uma discussão que não se veria em qualquer espaço vendido.

Jéssica Agostinho
Editora Geral

 

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RUA - Revista Universitária do Audiovisual

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